Público, 15.Março.2014
[...] Mas
inapelavelmente, inexplicavelmente, permanece uma espécie de autismo inerente
ao exercício do poder em Portugal, que mantém o país refém de uma atitude de
tacticismo político das direcções partidárias. E o que é mais absurdo é que
muitos dos que estão disponíveis para contribuir para o debate sobre que futuro
poderá aspirar o país e sobre que ideia de Portugal pode ser construída são,
como é natural, personali-dades políticas com um currículo de prestígio ao nível
da vida partidária e que são ignorados pela máquina de poder dos partidos
parlamentares.
Esse autismo das
lideranças partidárias foi manifesto esta semana quer no silêncio com que a
entrevista de António Barreto foi recebida, quer no silêncio com que o prefácio
de Cavaco Silva foi lido. E foi visível de forma lapidar nas reacções ao
manifesto para a reestruturação da dívida pública, quer no silêncio do líder do
PS, António José Seguro, quer na violência da rejeição da admissibilidade do
debate pela parte do primeiro-ministro, Passos Coelho.
Atitudes de fuga
em frente deste tipo travam o debate num país em que a administração do Estado
está cartelizada e na mão do manobrismo táctico que alimenta as máquinas
partidárias e sustém as direcções dos partidos, deixando que o país permaneça
refém dos chicos-espertos da política.
Sem comentários:
Enviar um comentário