terça-feira, 29 de novembro de 2016

Enquanto há "gente para falar"...

Donald Trump e a lição de Martin Niemoller
Tiago Moreira de Sá (Público)

Martin Niemoller escreveu um famoso poema, que de resto conheceu várias versões como a do seu contemporâneo Bertolt Brecht, captando bem a forma como muitos trataram o nacional-socialismo e Hitler ao longo de demasiado tempo. Alertou ele: “Primeiro vieram buscar os comunistas e eu não disse nada pois não era comunista. Depois vieram buscar os socialistas e eu não disse nada pois não era socialista. Depois vieram buscar os sindicalistas e eu não disse nada pois não era sindicalista. Depois vieram buscar os judeus e eu não disse nada pois não era judeu. Finalmente, vieram buscar-me a mim – e já não havia ninguém para falar.”

A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas tem sido tratada de um modo geral com complacência. Os argumentos são variados: ele não é ideológico, agora no poder não vai cumprir muito do que prometeu, as instituições vão fazer o seu papel, os freios e contra-pesos vão funcionar e por aí fora. Trata-se de uma atitude perigosa e talvez a melhor forma de demonstrar isso seja reflectir sobre o que é, mas ao mesmo tempo sobre o que não é, o Presidente-eleito dos EUA. [...]

Com as devidas diferenças, é bom ter presente a lição de Martin Niemoller, não ser complacente e denunciar qualquer ataque à democracia, à liberdade, aos direitos e garantias na América. Enquanto há “gente para falar”.

domingo, 27 de novembro de 2016

Apresentação na Biblioteca de Sintra, ontem

Foi anunciada AQUI a apresentação do livro Sonho com Asas, ontem, na Biblioteca de Sintra. Hoje mostramos algumas fotos da reportagem do geólogo (e meu genro) Fernando Ornelas Marques. Foi uma sessão muito bonita.

Teresa Martinho Marques, João Vaz de Carvalho (apresentador), Fátima Afonso, Margarida Noronha (Kalandraka)

As autoras falando do livro

A audiência

E chegou a hora dos autógrafos

sábado, 26 de novembro de 2016

Ai aguentou, aguentou...


João Miguel Tavares
Que Costa chegasse até aqui com sondagens a colocarem-no à
beira da maioria absoluta nunca imaginei — e tiro-lhe o chapéu.

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

"Sonho com Asas" continua voando

Sonhos com Asas é um livro sobre a liberdade dos sonhos, recentemente editado pela Kalandraka. O texto é de Teresa Martinho Marques e as ilustrações de Fátima Afonso, cujo trabalho vai estar em exposição na Biblioteca de Sintra a partir de amanhã, dia 26 de Novembro, até ao fim de Dezembro..

Biblioteca Municipal de Sintra – Sala do Conto | Livraria
15h00 Lançamento do livro Sonho com Asas e inauguração da exposição dos originais de ilustração
       Teresa Marques – Texto
       Fátima Afonso – Ilustração
       Margarida Noronha – Kalandraka
       João Vaz de Carvalho – Apresentação



O melhor é viver a vida

Miguel Esteves Cardoso 

Não é bom pensar muito na nossa vida. O melhor é vivê-la e tentar cansar o pensamento a pensar em coisas que nos são alheias, irremediavelmente distantes.

quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Recordando Rómulo de Carvalho / António Gedeão

Rómulo de Carvalho faria hoje 110 anos. O Dia Nacional da Cultura Científica, que se comemora a 24 de Novembro, foi instituído em 1997 por José Mariano Gago para comemorar o seu nascimento e divulgar o seu trabalho na promoção da cultura científica e no ensino da ciência. A sua figura foi homenageada neste blogue em mais do que uma ocasião, nomeadamente AQUI.



Mãezinha
A terra de meu pai era pequena
e os transportes difíceis.
Não havia comboios, nem automóveis, nem aviões, nem mísseis.
Corria branda a noite e a vida era serena.

Segundo informação, concreta e exacta,
dos boletins oficiais,
viviam lá na terra, a essa data,
3023 mulheres, das quais
45 por cento eram de tenra idade,
chamando tenra idade
à que vai do berço até à puberdade.

28 por cento das restantes
eram senhoras, daquelas senhoras que só havia dantes.
Umas, viúvas, que nunca mais (oh! nunca mais!) tinham sequer sorrido
desde o dia da morte do extremoso marido;
outras, senhoras casadas, mães de filhos…
(De resto, as senhoras casadas,
pelas suas próprias condições,
não têm que ser consideradas
nestas considerações.)

Das outras, 10 por cento,
eram meninas casadoiras, seriíssimas, discretas,
mas que por temperamento,
ou por outras razões mais ou menos secretas,
não se inclinavam para o casamento.

Além destas meninas
havia, salvo erro, 32,
que à meiga luz das horas vespertinas
se punham a bordar por detrás das cortinas
espreitando, de revés, quem passava nas ruas.

Dessas havia 9 que moravam
em prédios baixos como então havia,
um aqui, outro além, mas que todos ficavam
no troço habitual que o meu pai percorria,
tranquilamente no maior sossego, às horas em
que entrava e saía do emprego.

Dessas 9 excelentes raparigas
uma fugiu com o criado da lavoura;
5 morreram novas, de bexigas;
outra, que veio a ser grande senhora,
teve as suas fraquezas mas casou-se
e foi condessa por real mercê;
outra suicidou-se
não se sabe porquê.

A que sobeja
chama-se Rosinha.
Foi essa que o meu pai levou à igeja.
Foi a minha mãezinha.

António Gedeão