Público, 18.Março.2014
José Vítor Malheiros |
[...] É evidente que raros serão, entre os signatários [do Manifesto dos 74],
os que se sentirão confortáveis com cada linha de cada parágrafo. Houve
certamente compromissos e negociações, insistências e cedências. Mas foi
possível chegar a um texto comum, onde todos cederam um pouco no menos
importante para defender o essencial. E, por isso, por terem sabido defender o
essencial e pôr de lado a sectarismo que tanto mancha a prática política, a
publicação deste manifesto merece ser assinalada na nossa história com uma pedra
branca. O Manifesto dos 74 mostra que há quem ponha o interesse dos portugueses
acima do interesse dos mercados financeiros e quem coloque a soberania do povo
acima do poder sem rosto do dinheiro. O Manifesto dos 74 mostra que há, da
esquerda à direita, quem não ceda ao colaboracionismo, por diferentes que
possam ser as suas visões da sociedade. Este manifesto é, por isso, um
importante passo para salvar a honra perdida da política, prostituída pelo
Governo, e para restaurar a imagem da democracia, vítima da violação colectiva
quotidiana do PSD e do CDS.
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