quarta-feira, 29 de junho de 2011

A porquinha Olívia no Jardim de Infância do Vimeiro!

A educadora do Jardim de Infância do Vimeiro, Helena Martinho (minha filha), lançou este ano lectivo um projecto tendo como figura central a conhecidíssima porquinha Olívia, que envolveu a produção de vários vestidos e adereços com a participação de familiares dos meninos.
Depois, fez fotografias dos objectos e enviou-as à Olívia para saber a sua opinião sobre o trabalho realizado... E não é que a Olívia respondeu ao desafio?!...

June 18, 2011
Dear Ms. Martinho’s Kindergarten
Students,
Thank you so much for your “fabaronney” letter and the awesome pictures that illustrated your OLIVIA project! Mr. Falconer and I loooove getting mail and we read every single letter.
I hope this letter reaches you before you are out for the summer! Now you have the proper email to reach me faster so the children next fall can write me back.
I would looove to see what you have done in video if you have a youtube.com link to share.
We do send our apologies to you for the delay in responding to you because sometimes it takes a whole year for a letter to get to us (I am really not sure why), but do know we appreciate your letter very much.
Now keep reading lots of books over the summer!!!!!!!!
Sincerely,
Olivia

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Às mulheres que eu amo

Emocionada, ouvi na rádio, há tempo já, um poema de Maria Velho da Costa [reproduzido abaixo], dedicado às mulheres, com reflexões cheias de autenticidade e dramatismo, do qual me lembro muitas vezes. Porque a vida de algumas mulheres é tarefa muito séria e árdua, sem horários e sem férias, aqui estou hoje prestando-lhes a minha singela homenagem em memória do poema que tanto me marcou.
Elas estão presentes na vida de cada um de nós. Elas são a mãe, a avó, a tia, a irmã, a amiga... e as outras. Elas acompanham de perto as nossas vidas; nós amamo-las e escolhemos as melhores como referências. Elas são a força e também a renúncia e o cansaço. Mal amadas, são as companheiras fiéis dos homens que as maltratam. Elas são notícia de jornal, quando vítimas de sevícias, quase sempre pouco apoiadas pela justiça. Elas correm todo o tempo. Mourejam de sol a sol, no campo. “Morrem” lentamente nas fábricas. Servem a família pela noite dentro. Elas ensaiam sorrisos tristes quando o pão escasseia e vendem o corpo para sustentar os filhos. Elas são tudo isto e o mais que cada uma poderia testemunhar.
Elas são o milagre, as Mulheres que eu amo!

Reflexão de Maria da Piedade Pinheiro Martinho
publicada no jornal O MIRANTE em Janeiro.1990


ELAS
de Maria Velho da Costa

1. RECONSTITUIÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
Elas são quatro milhões, o dia nasce, elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café. Elas picam cebolas e descascam batatas. Elas migam sêmeas e restos de comida azeda. Elas chamam ainda escuro os homens e os animais e as crianças. Elas enchem lancheiras e tarros e pastas de escola com latas e buchas e fruta embrulhada num pano limpo. Elas lavam os lençóis e as camisas que hão-de suar-se outra vez. Elas esfregam o chão de joelhos com escova de piaçaba e sabão amarelo e correm com os insectos a que não venham adoecer os seus enquanto dormem. Elas brigam nos mercados e praças por mais barato. Elas contam centavos. Elas costuram e enfiam malhas em agulhas de pau com as lãs que hão-de manter no corpo o calor da comida que elas fazem. Elas vêm com um cântaro de água à cinta e um molho de gravetos na cabeça. Elas limpam as pias e as tinas e as coelheiras e os currais. Elas acendem o lume. Elas migam hortaliça. Elas desencardem o fundo dos tachos. Elas passajam meias e calças e camisas e outra vez meias. Elas areiam o fogão com palha de aço. Elas calcorreiam a cidade a pé e à chuva porque naquele bairro os macacos são caros. Elas correm esbaforidas para não perder o comboio, o barco. Elas pousam o cesto e abrem a porta com a mão vermelha. Elas põem a tranca no palheiro. Elas enterram o dedo mínimo na galinha a ver se tem ovo. Elas acendem o lume. Elas mexem o arroz com um garfo de zinco. Elas lambem a ponta do fio de linha para virar a camisa. Elas enchem os pratos. Elas pousam o alguidar na borda da pia para aguentar. Elas arredam a coberta da cama. Elas abrem-se para um homem cansado. Elas também dormem.

2. REPRODUÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO
Elas vão à parteira que lhes diz que já vai adiantado. Elas alargam o cós das saias. Elas choram a vomitar na pia. Elas limpam a pia. Elas talham cueiros. Elas passam fitilhos de seda no melhor babeiro. Elas andam descalças que os pés já não cabem no calçado. Elas urram. Elas untam o mamilo gretado com um dedal de manteiga. Elas cantam baixinho a meio da noite a niná-los para que o homem não acorde. Elas raspam as fezes das fraldas com uma colher romba. Elas lavam. Elas carregam ao colo. Elas tiram o peito para fora debaixo de um sobreiro. Elas apuram o ouvido no escuro para ver se a gaiata na cama ao lado com os irmãos não dá por aquilo. Elas assoam. Elas lavam joelhos com água morna. Elas cortam calções e bibes de riscado. Elas mordem os beiços e torcem as mãos, a jorna perdida se o febrão não desce. Elas lavam os lençóis com urina. Elas abrem a risca do cabelo, elas entrelaçam. Elas compram a lousa e o lápis e a pasta de cartão. Elas limpam rabos. Elas guardam uma madeixita entre dois trapos de gaze. Elas talham um vestido de fioco para uma boneca de papelão escondida debaixo da cama. Elas lavam as cuecas borradas do primeiro sémen, do primeiro salário, da recruta. Elas pedem fiado popeline da melhor para a camisa que hão-de levar para a França, para Lisboa. Elas vêm trazer um borrego à primeira barraca e ao primeiro neto. Elas poupam no eléctrico para um carrinho de corda.

3. PRODUÇÃO
Elas sobem para cima de um caixote, que ainda são pequenas para chegar à bancada de descamar o peixe. Elas mondam, os dedos tolhidos de frieira e urtiga. Elas fazem descer a lâmina de cortar o coiro. Elas sopram nos dedos a aquecê-los, esfregam os olhos, voltam a pôr as mãos por detrás da lente a acertar os fios da matriz do transístor. Elas espremem as tetas da vaca para o balde apertado entre as pernas. Elas fecham num dia as pregas de papel de mil pacotes de bolacha. Elas acertam em duzentos casacos a postura da manga onde cravar o botão. Elas limpam o suor da testa com a manga e a foice rebrilha ao sol por cima da cabeça e da seara. Elas ouvem a matraca de dez teares enquanto a peça cresce diante, o fio amandado de braço a braço aberto. Elas cortam os dedos nas primeiras vinte cinco latas até calejar bem. Elas fazem a agulha passar para cá e lá em cruz na tela do tapete. Elas vigiam a última fileira de garrafas, caladas, à espera da sirene. Elas carregam o cesto de azeitona à cabeça já sem cantar, até que o sol se ponha.

4. SERVIÇOS
Elas carregam no botão da caixa e fazem quinhentos trocos miúdos. Elas metem a cavilha, dizem outro número e passam a vigésima chamada. Elas mexem panelões que lhes chegam à cinta. Elas descem doze caixotes de lixo já noite fechada. Elas fazem todas as camas e despejos de uma família alheia. Elas picam bilhetes metidas numa caixa de vidro. Elas batem à máquina palavras que não entendem. Elas arquivam por ordem alfabética duas mil fichas e vinte e cinco ofícios. Elas vão outra vez buscar a gaveta das luvas para o balcão a ver se há aquele verde. Elas aspiram do pó antes das nove doze assoalhadas e cento e dez degraus de alcatifa. Elas entram na praça manhã cedo, já vindas da lota ajoujadas com o peixe para as bancadas. Elas acertam as bainhas de joelhos, a boca cheia de alfinetes. Elas põem trinta e duas arrastadeiras e tiram sessenta temperaturas. Elas pintam unhas de homem. Elas guardam sanitas e fazem renda em pequenos cubículos sem janela.

5. TRANSMISSÃO DE IDEOLOGIA
Coisas que elas dizem:
- Se mexes aí, corto-ta.
- Isso não são coisas de menina.
- O meu homem não quer.
- Estuda, que se tiveres um empregozinho sempre é uma ajuda.
- A mulher quer-se é em casa.
- Isto já vai do destino de cada um.
- Deus não quiz.
- Mas o senhor padre disse-me que assim não.
- Dá um beijinho à senhora que é tão boazinha para a gente.
- Você sabe que eu não sou dessas.
- Estás a dar cabo do teu futuro com uns e com outros.
- Deixa-te disso, o que é preciso é sossego e paz de espírito.
- Comprei uns jeans bestiais, pá.
- Sempre dá para uma televisão daquelas novas.
- Cada um no seu lugar.
- Julgas que ele depois casa contigo?
- Sempre há-de haver pobres e ricos.
- Se tu gostasses de mim não andavas com aquela cabra a gastar o nosso.
- Põe o comer ao teu irmão que está a fazer os trabalhos.
- Sempre é homem.

6. PRODUÇÃO DE DESEJO
Elas olham para o espelho muito tempo. Elas choram. Elas suspiram por um rapaz aloirado, por duas travessas para o cabelo cravejadas de pedrinhas, um anel com pérola. Elas limpam com algodão húmido as dobras da vagina da menina pensando, coitadinha. Elas escondem os panos sujos de sangue carregadas de uma grande tristeza sem razão. Elas sonham três noites a fio com um homem que só viram de relance à porta do café. Elas trazem no saco das compras uma pequena caixa de plástico que serve para pintar a borda dos olhos de azul. Elas inventam histórias de comadres como quem aventura. Elas compram às escondidas cadernos de romances em fotografias. Elas namoram muito. Elas namoram pouco. Elas não dormem a pensar em pequenas cortinas com folhos. Elas arrancam os primeiros cabelos brancos com uma pinça comprada na drogaria. Elas gritam a despropósito e agarram-se aos filhos acabados de sovar. Elas andam na vida sem a mãe saber, por mais três vestidos e um par de botas. Elas pagam a letra da moto ao que lhes bate. Elas não falam dessas coisas. Elas chamam de noite nomes que não vêm. Elas ficam absortas com a mola da roupa entre os dentes a olhar o gato sentado no telhado entre as sardinheiras. Elas queriam outra coisa.

7. REVOLUÇÃO
Elas fizeram greves de braços caídos. Elas brigaram em casa para ir ao sindicato e à junta. Elas gritaram à vizinha que era fascista. Elas souberam dizer salário igual e creches e cantinas. Elas vieram para a rua de encarnado. Elas foram pedir para ali uma estrada de alcatrão e canos de água. Elas gritaram muito. Elas encheram as ruas de cravos. Elas disseram à mãe e à sogra que isso era dantes. Elas trouxeram alento e sopa aos quartéis e à rua. Elas foram para as portas de armas com os filhos ao colo. Elas ouviram falar de uma grande mudança que ia entrar pelas casas. Elas choraram no cais agarradas aos filhos que vinham da guerra. Elas choraram de ver o pai a guerrear com o filho. Elas tiveram medo e foram e não foram. Elas aprenderam a mexer nos livros de contas e nas alfaias das herdades abandonadas. Elas dobraram em quatro um papel que levava dentro uma cruzinha laboriosa. Elas sentaram-se a falar à roda de uma mesa a ver como podia ser sem os patrões. Elas levantaram o braço nas grandes assembleias. Elas costuraram bandeiras e bordaram a fio amarelo pequenas foices e martelos. Elas disseram à mãe, segure-me aqui nos cachopos, senhora, que a gente vai de camioneta a Lisboa dizer-lhes como é. Elas vieram dos arrabaldes com o fogão à cabeça ocupar uma parte de casa fechada. Elas estenderam roupas a cantar, com as armas que temos na mão. Elas diziam tu às pessoas com estudos e aos outros homens. Elas iam e não sabiam para aonde, mas que iam. Elas acendem o lume. Elas cortam o pão e aquecem o café esfriado. São elas que acordam pela manhã as bestas, os homens e as crianças adormecidas.


Dezembro de 1975
in CRAVO, Maria Velho da Costa, Moraes Editores, 1976

Poema transcrito de http://ascerco.blogspot.com/2008/05/elas-maria-velho-da-costa.html
Fotografia de Maria Velho da Costa da autoria de Graça Sarsfield, in Vozes e Olhares no Feminino, Edições Afrontamento, Porto 2001

domingo, 26 de junho de 2011

Apanhados na rede...

Uma rede "pensada" para impedir que insectos entrassem numa casa de campo acabou, curiosamente, por se transformar numa ratoeira... mas os insectos foram libertados!

Fotografias de Paulo Miguel Pinheiro Martinho

sábado, 25 de junho de 2011

Balanço de uma Professora em final de ano lectivo

As despedidas já não são o que eram...

Resisti a falar dela.
Talvez porque não tenha sequer sido.
Ou porque gosto de saber que os encontrarei a todos para o ano, embora não na minha sala de aula como aconteceu por dois anos (novamente especiais). Mais um ciclo completado com alegria.
Dissemos até já ao jeito dos spots publicitários.
Dissemos vamos ter tantas saudades, mas sabendo que estamos mais perto do que nunca foi possível. Todos ali na rede digital ao meu lado, comunicando, enviando mensagens, provocando-me, comentando. A distância terminou e as lágrimas já não se apoderam de nós no final dos ciclos. Ainda bem.
O mundo muda e há mudanças de que gosto muito. A proximidade é a melhor delas todas.
Miúdos! Continuaremos juntos no matter what!

(Aqui na foto - ESE/IPS - faltam alguns, mas estiveram presentes connosco nesse dia...)


A minha turminha D (mais uma turminha Scratch que alinhou com as suas Famílias em muitas aventuras - obrigada, Mães e Pais, por tudo!) que se despediu de mim com bons resultados numa prova de aferição que vale o que vale (não é minha intenção discutir isso agora). 3 D (insuficiente) em 28 alunos (um deles é um aluno que terá 3 sem aflição... e registei a ausência de D num aluno que terá nível 2... Dois Dês correspondem, portanto, a dois dos três alunos com 2, no final deste ano). Depois há um A (esperado) e 16 B - Bom (alguns deles com 3A e 1 B nos domínios avaliados ?? mas B na avaliação final) e 8 C (Suficiente)... Bastante coerência com os níveis que atribuirei: os Bês e A são alunos de 4 ou 5 e os C (com raras excepções) serão os alunos com 3.

Tudo vale o que vale, mas é difícil resistir a comparar o que nos acontece com os resultados da Escola, os resultados nacionais e com as nossas próprias interpretações da avaliação do caminho feito pelos alunos. Não me descansa em nada... mas, pelo menos, não escutarei dizer que os meus métodos, pouco comuns e nada conformados ou formatados ao manual e rigidez das abordagens, contribuem para baixar o nível de resultados da minha Escola, ou do meu país, nas avaliações aferidas. Mais liberdade, suponho, para seguir tranquilamente as minhas opções, valham os resultados o que valerem. Aproveito-me do sistema, tal como o sistema se tenta aproveitar de mim, sem esquecer NUNCA que EU SOU o sistema e que está nas minhas mãos ir moldando a Educação no melhor sentido possível. Muita exigência é fundamental. Experiência, compreensão da criança mas sem paternalismo. Amor presente, distância clínica. Respeito de parte a parte.Como eles me dizem com carinho: a professora é boa a ser má... Guardarão de mim essa exigência grande, o exemplo que lhe procuro juntar (não exijas aos outros sem exigir de ti) e um carinho infinito por eles, feito da mais pura verdade. Digo sempre sem esconder: não chega, tens de fazer muito mais. E procuro encontrar as melhores formas de os ajudar e de os ensinar a ajudarem-se a si próprios. E de os ensinar a gerir a frustação e o medo. A desenvolver a autonomia. A crescer sem a protecção constante do mal e da tristeza, na qual se vão viciando. Sofrer faz parte do crescimento. Competências fundamentais a adquirir.
E esforço partilhado. Não faço milagres sozinha sem eles e sem as Famílias.

No último dia de aulas reencontrei pelo recreio os meus GTScratch (a minha primeira turminha Scratch do mestrado) e já me foram avisando: contamos consigo para o ano que vem no nosso Baile de Finalistas! (Mais um vestido... não pode ser o mesmo :). Que sim... que sim. Podia lá perder o baile da minha turma G! Também eles estão perto de mim no digital e vou seguindo os seus passos, sem que a saudade penetre em excesso no peito.

As despedidas já não são o que eram e ainda bem.
Não gosto de despedidas de coisas boas.
Gosto de Olás, gosto de Até já(s), Até mais ver, Até logo(s). Gosto da esperança contida neles.
De adeus(es) não.


Teresa Martinho Marques (http://tempodeteia.blogspot.com)

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Ainda Rómulo de Carvalho/António Gedeão

Decorrida a semana que passámos na praia de Santa Cruz (Torres Vedras), a qual foi aqui ilustrada com uma dúzia de fotografias recentes, volto a uma história que carece de (uma) finalização.


Em Novembro de 1996 publiquei no jornal O MIRANTE um artigo intitulado “Rómulo de Carvalho, um Professor de referência”, cujo conteúdo coloquei oportunamente neste blogue: http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.com/2010/11/romulo-de-carvalho-um-professor-de.html.

Para grande surpresa minha, eis que na página 492 do livro “Rómulo de Carvalho – MEMÓRIAS” (http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.com/2010/12/romulo-de-carvalho-memorias.html) leio o seguinte, entre as referências que Rómulo de Carvalho evoca a propósito das homenagens que lhe foram prestadas por ocasião do seu 90.º aniversário: «Em 27 de Novembro [de 1996] uma página a mim dedicada em O Mirante, Jornal da Região do Ribatejo, com inclusão de poemas meus, e um longo artigo do investigador de Física, Eduardo Martinho, na antiga Junta de Energia Nuclear, em Sacavém. Muito obrigado, também

Lembrei-me então de que enviara ao Professor Rómulo de Carvalho uma carta pessoal a acompanhar o exemplar do jornal a que ele se refere nesta evocação:

«Senhor Professor Rómulo de Carvalho
Devo confessar, sinceramente, que hesitei bastante em tomar a iniciativa deste contacto. Para resolver o “dilema”, socorri-me do Frederico [meu colega no Laboratório Nuclear de Sacavém], que me incitou: Faz isso, que o meu Pai vai gostar. Quebrada a hesitação, estou sem saber o que escrever. Esta é uma daquelas situações em que o espaço-em-branco da vulgar folha A4 parece ter um tamanho desajustado ao que se pretende -- porque excessivo e diminuto, paradoxalmente.
Excessivo, porque, não o conhecendo pessoalmente, talvez fosse aconselhável limitar-me a palavras contidas, por exemplo: Senhor Professor Rómulo de Carvalho, tenho o prazer de lhe enviar um pequeno artigo que me atrevi a escrever para assinalar o seu 90.° aniversário e, com essa efeméride, homenagear tudo o que V.Exa. representa para aqueles que, como eu, aprenderam a estimá-lo.
Diminuto, porque, embora não o conhecendo pessoalmente, na sua figura encontro referências e reconheço afinidades -- acentuadas umas e reveladas outras, recentemente, pela leitura da entrevista concedida ao JL/Educação e pelas reflexões pessoais fixadas no documentário televisivo da jomalista Diana Andringa -- que me “convidam” a ir mais longe, a entrar mesmo no terreno da confidencialidade entre Amigos de longa data, que partilham sentimentos comuns. Isto, em particular, na área do Ensino, “arte” pela qual me interesso desde que comecei a dar explicações, andava então no 4.° ano do liceu, em Santarém. [Depois disso, enquanto estudante de Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências de Lisboa, trabalhei como prefeito no Colégio Manuel Bernardes, onde me competia, entre outras tarefas, tirar dúvidas nas chamadas salas de estudo. Já na ex-Junta de Energia Nuclear, em regime de acumulação, exerci funções docentes no Departamento de Fisica daquela Faculdade durante 15 anos (de 1965 a 1980), onde tive o privilégio de contar com a Amizade do saudoso Professor José Gomes Ferreira e da sua esposa, Professora Lídia Salgueiro. Actualmente, limito-me a participar numa ou noutra acção de formação e a ministrar um módulo de introdução à Fisica Nuclear para estudantes da disciplina de Medicina Nuclear, na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa.] Apesar de algumas desilusões (de carácter institucional, sobretudo), o meu contacto com os alunos foi sempre gratificante. E continua a ser. É sempre com alegria que me cruzo com antigos alunos que, guardando boas recordações das aulas, têm a generosidade de mo manifestar. Tenho a certeza de que entende, melhor do que ninguém, a satisfação pessoal que se sente quando nos é dado constatar que “valeu a pena” o que se fez...
Não sei se este “meio termo”, entre o formal e o (quase) intimista, será a melhor aproximação da “virtude” desejável. Também não sei se estas palavras -- que comecei a alinhavar sem lhes conhecer o rumo --, serão as apropriadas para lhe testemunhar a minha consideração. Nem sei se a homenagem do jornal O MIRANTE cumpriu bem a intenção dos seus promotores. Uma esperança-quase-certeza alimento: a da benevolência do Professor Rómulo de Carvalho para com um admirador reconhecido pelo muito que fez por muitos, de muitas maneiras.
Respeitosos cumprimentos de
Eduardo Martinho»

É na sequência desta mensagem que o Professor Rómulo de Carvalho teve a gentileza de me escrever o seguinte cartão pessoal:


Fica assim completa a história mencionada no início deste post, que julgo ter valido a pena contar pela enorme estatura de Rómulo de Carvalho/António Gedeão.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Imprecisões e erros


Minha carta publicada na revista Quero Saber (número 10, Junho.2011):

«Pessoa amiga ofereceu-me o número 8 da Quero Saber, revista que eu não conhecia, porque trazia uma entrevista com o Prof. Carlos Fiolhais, cientista por quem nutro grande consideração e simpatia pessoal.
Folheando a revista, achei-a muito atraente e fiquei bem impressionado com o facto de dispor de um Conselho Científico. Em contrapartida pareceu-me estranho que os artigos não fossem/sejam assinados. Oficial de um dado ofício, fui ler em primeiro lugar o artigo “Radiação nuclear”. E aqui, devo dizer-vos, fiquei desiludido, porque o artigo tem imprecisões e erros, de que cito três exemplos.
1. É dito, a dado passo,que “a intensidade da radiação depende da sua posição no espectro electromagnético”. Além de que nem toda a radiação é electromagnética, a posição no espectro tem a ver com a energia (comprimento de onda ou frequência) e não com a intensidade.
2. Um pouco mais abaixo, fala-se de “radiação” que “alimenta reatores nucleares”. Que se entende por “alimentar”? E de que radiação se trata? Radiação ionizante (como se diz)? E os neutrões não têm nada a ver com essa “alimentação”?
3. Mais adiante: “Se um átomo tiver demasiados protões, por exemplo, emite uma partícula alfa com dois protões e dois neutrões”. Um átomo pode emitir uma partícula alfa se tiver demasiados nucleões, e não demasiados protões. Se tiver demasiados protões, a radiação emitida é outra…
Estas observações são feitas com espírito construtivo, tendo por objectivo que a revista possa “produzir uma edição melhor para os (…) leitores”, como é vosso propósito.»

quarta-feira, 15 de junho de 2011

FUKUSHIMA - Três meses depois do acidente

Tenho recebido a informação que o Dr. Genn Saji (Ex-Secretariat of Nuclear Safety Commission, Japan ) vem “religiosamente” elaborando e disponibilizando sobre diversos acontecimentos e aspectos referentes ao acidente de Fukushima -- informação essa que é veiculada para os interessados via “forward” pelo Dr. Ko-ichi Nakamura: «FW: Dr. Saji's Daily Update on Fukushima Daiichi NPP, Japan».
O e-mail abaixo corresponde ao dia 12 de Junho de 2011, e tem a particularidade de assinalar os “três meses depois do acidente”. Se o leitor estiver interessado na totalidade da informação, pode solicitá-la directamente ao Dr. Nakamura (koichi.nakamura@aist.go.jp). Pessoalmente, posso disponibilizar a compilação dos e-mails do Dr. Saji, mas sem anexos PDF (edmartinho@clix.pt).

Fukushima antes e depois do acidente

« Date: Sun, 12 Jun 2011 00:50:13 +0900
Subject: Earthquake (92)
From: Genn Saji
Dear Colleagues:
92nd day!

I. Three months since the earthquake
On this occasion, most news media issued a series of special feature of the consequence of the Higashi-Nihon (Eastern Japan) Great Earthquake series. All pointed out that the recovery activities are very slow. Most of them pointed out that delay in disposal of tsunami debris is one of the biggest obstacle for recovery operation. In addition, 91,000 people are still in refuges. Although 28,700 temporary housings have been completed, only 17,000 of them are occupied. For evacuated people, some of the temporary housings are located in inconvenient places, nor necessary social infrastructure has not been recovered yet. For example, as many as 57, 900 houses are not provided with the city water service yet. More serious issue is nearly a half of the evacuated people became pessimistic for returning to where they have been living.
From this point of view, there is no prospect in sight in the planning for recovery and resettlement of the evacuated zones.
In the “emergency preparedness” zone, there are 153 industrial facilities, in which no one has prospect for re-opening. Everything depends on when the damaged plants became under control. From this point of view, increased number of workers are getting out of condition due to working in air tight radiation protection suits in hot weather, such as due to dehydration. The improvement of working environment is becoming an urgent issue and some rest areas have been constructed. They are now provided with a pack of refrigerant. During the hot season, there will be a rest hours in the hottest afternoon hours.
The total volume of the highly contaminated water continues to be increasing. The pre-functional test of the new water purification system has not been started yet, due to miniscule leakages at the zeolite sorption stage. The leaky valves and flanges have been ameliorated by putting sealing compounds around the joints. This can be seen in the updated set of photos uploaded by TEPCO: http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/index-e.html please visit “Coupling Parts of Inlet and Outlet of Cesium Adsorption Tower (pictured on June 9, 2011)”
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_03.jpg
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_02.jpg shows a side view of this facility.

II. Recapping on removing contamination from 1F2 reactor building
In 1F2, the moisture level is as high as 99.9%. Combined with the high dose rate, the worker entry is greatly restricted. In view of this, TEPCO has started to decontaminate the room air by employing the heated filtering system used in entering into 1F1 by improving to add heaters. For that the double doors from the turbine building has been opened at 12:39 on June 11. After a few days of operation, they plan to open the truck entrance door, facilitating the natural draft ventilation. By opening the door, some contamination may also leak out to the environment. By exchanging the room air by natural ventilation, TEPCO hopes to allow the worker entrance.
TEPCO uploaded a series of photos in their website: http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/index-e.html
This is the first time that a set of relatively clear photos became available inside of this building. The photos were shown in *pictured through vinyl which covers the camera on June 11, 2011”.
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_08.jpg shows the temporary intake air duct for filtering air.
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_09.jpg shows the air cleaning units installed inside of the turbine building.
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_10.jpg shows temporary air duct laid down
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_11.jpg shows the air cleaning units installed inside of the turbine building

In Unit 2, the air cooler has been installed and working for the spent fuel pool.

III. Recapping on inspection of 1F3 reactor building
Also, http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_001e.pdf is showing a map of radiation level data taken along the route of the inspection, http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_06.jpg is showing that the dose rate was higher near the large machine hatch. http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_07.jpg shows that the water treatment skid may not be accessible for workers for piping.

IV. Recapping on inspection of 1F4 reactor building
A set of photos taken by entering into the 1F4 is also uploaded in the TEPCO website. The “4th Floor of Unit 4 Reactor Building (pictured on June 10, 2011) Pictured at South Side on 4th floor of Unit 4 Reactor Building”
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_04.jpg is showing that a part of the piping of Spent Fuel Cooling and Cleaning System is bent, perhaps may not be usable for installation of the air cooling system.
http://www.tepco.co.jp/en/news/110311/images/110611_05.jpg, “4th Floor of Unit 4 Reactor Building (pictured on June 10, 2011) Pictured at South Side on 4th floor of Unit 4 Reactor Building” is showing severity of the hydrogen explosion in this building.

Well let me stop here.

Genn Saji »

terça-feira, 14 de junho de 2011

Viagem à Chamusca (Ribatejo)

Igreja Matriz + Largo adjacente à Igreja do Senhor da Misericórdia

Câmara Municipal (ao fundo) + Vista do Parque Municipal
Aspectos do Parque Municipal
Sede dos Bombeiros Voluntários + Coreto no Jardim da República


Casa antiga e casa moderna, muito próximas, na rua principal..
Nossa casa na rua de Santo Antoninho + Vista parcial do quintal

domingo, 12 de junho de 2011

EINSTEIN - Um exemplo para as crianças


Terá sido porventura uma coincidência celebrar o Ano Internacional da Criança no ano em que se comemora o centenário do nascimento de Albert Einstein, mas foi certamente uma coincidência feliz. Associar os dois acontecimentos afigura-se um acto necessário à compreensão da enorme envergadura intelectual e moral de Einstein. Grande e responsável cientista, profundo humanista, amante da liberdade e da paz, defensor da justiça social, homem humilde e modesto, Einstein bem merece ser apontado aos mais jovens como um exemplo a estudar e a seguir.
«Cada homem tem certos ideais, que o orientam nos seus esforços e juízos. Neste sentido, o bem-estar e a felicidade nunca me pareceram um fim em si (chamo a esta base ética o ideal da vara de porcos). Os ideais que me iluminaram e me encheram incessantemente de alegre coragem de viver foram sempre a bondade, a beleza e a verdade. Sem o sentimento de harmonia com aqueles que têm as mesmas convicções, sem a indagação daquilo que é objectivo e eternamente inatingível no campo da arte e da investigação científica, a vida ter-me-ia parecido vazia. Os fins banais do esforço humano: propriedade, êxito exterior e luxo, pareceram-me desprezíveis desde jovem.
O meu ideal político é o democrático. Cada um deve ser respeitado como pessoa e ninguém deve ser idolatrado. É uma ironia do destino que os outros homens me tenham testemunhado tanta admiração e estima, sem culpa minha ou merecimento pessoal. Tal facto deve provir do desejo, para muitos irrealizável, de compreender as poucas ideias que encontrei com fracas forças, numa luta incessante. Sei perfeitamente que, para se alcançar qualquer finalidade organizadora, é necessário haver quem pense, coordene e, no total, assuma a responsabilidade. Porém, os conduzidos não devem ser constrangidos, mas antes poder eleger o seu chefe. Um sistema autocrático de coacção degenera, a meu ver, dentro de pouco tempo, pois a violência atrai aqueles que são moralmente inferiores e, em regra, no meu entender, aos tiranos de génio sucedem-se geralmente patifes.
Tudo quanto o espírito inventivo do homem criou nos últimos cem anos poderia assegurar-nos uma vida despreocupada e feliz se o progresso em matéria de organização tivesse caminhado a par do progresso técnico. Mas, assim, tudo quanto se conseguiu à custa de muito esforço, lembra, nas mãos da nossa geração, uma lâmina de barbear nas mãos de uma criança de três anos. A aquisição de maravilhosos meios de produção não nos trouxe a liberdade, mas sim a preocupação e a fome. Mas o efeito do progresso técnico torna-se mais nocivo quando fornece meios para a destruição de vidas humanas ou de produtos do seu trabalho penoso. Nós, os mais velhos, vimos isso com horror durante a guerra mundial. Mas pior ainda que a destruição parece-me ser a escravidão indigna para a qual a guerra arrasta os indivíduos. Não será horrível uma pessoa ver-se obrigada pela colectividade a praticar acções que cada um, arbitrariamente, considera como crimes medonhos? Só poucos tiveram a grandeza moral suficiente para se oporem a isto: são esses, a meu ver, os verdadeiros heróis

Estas são passagens de uma colectânea de textos produzidos por Einstein, em diversas circunstâncias ao longo da sua vida, intitulada “Como Vejo o Mundo” (Empresa Nacional de Publicidade, 1962). Aí se encontram também escritos dedicados a problemas de educação e alocuções a crianças, cuja leitura meditada é fonte de ensinamentos no Ano Internacional da Criança.

Educação para a independência do pensamento
«Não basta preparar o homem para o domínio de uma especialidade qualquer. Passará a ser então uma espécie de máquina utilizável, mas não uma personalidade perfeita. O que importa é que venha a ter um sentido atento para o que for digno de esforço, e que for belo e moralmente bom. De contrário, virá a parecer-se mais com um cão amestrado do que com um ser harmoniosamente desenvolvido, pois só tem os conhecimentos da sua especialização. Deve aprender a compreender as motivações dos homens, as suas ilusões e as suas paixões, para tomar uma atitude perante cada um dos seus semelhantes e perante a comunidade.
Estes valores são transmitidos à jovem geração pelo contacto pessoal com os professores, e não -- ou pelo menos não primordialmente -- pelos livros de ensino. São os professores, antes de mais nada, que desenvolvem e conservam a cultura. São ainda esses valores que tenho em mente quando recomendo, como algo de importante, as “humanidades” e não o mero tecnicismo árido, no campo histórico e filosófico.
A importância dada ao sistema de competição e à especialização precoce, sob pretexto da utilidade imediata, é o que mata o espírito de que depende toda a actividade cultural e até mesmo o próprio florescimento das ciências de especialização.
Faz também parte da essência de uma boa educação desenvolver nos jovens o pensamento crítico independente, desenvolvimento esse que é prejudicado, em grande parte, pela sobrecarga de disciplinas em que o indivíduo, segundo o sistema adoptado, tem de obter nota de passagem. A sobrecarga conduz necessariamente à superficialidade e à falta de verdadeira cultura. O ensino deve ser de modo a fazer sentir aos alunos que aquilo que se lhes ensina é uma dádiva preciosa e não uma amarga obrigação


Uma alocução às crianças
«Lembrai-vos de que as coisas maravilhosas que ides aprendendo nas vossas escolas são a obra de muitas gerações, levada a cabo por todos os países do Mundo, à custa de muito entusiasmo, muito esforço e muita dor. Tudo é depositado nas vossas mãos, como uma herança, para que a aceiteis, honreis, desenvolvais e a transmitais fielmente um dia aos vossos filhos.
Se tiverdes esta ideia sempre em mente, encontrareis algum sentido na vida e no trabalho, e podereis formar uma opinião justa em relação aos outros povos e aos outros tempos


As preocupações morais e humanas, e algumas desilusões, que o acompanharam até ao final da sua vida, temperou-as Einstein com a esperança que depositava nas novas gerações: Nas crianças reside a esperança do Mundo. Completaria 100 anos em 14 de Março de 1979, o Homem cuja memória recordamos no Ano Internacional da Criança.


Artigo publicado na revista Chamusca Ilustrada, nº 13, Maio.1979
Ilustração: Quadro produzido por Teresa Martinho Marques e Fernando Ornelas Marques, em 1983, a partir de uma fotografia de Einstein (dimensões do quadro: 87cm x 61cm)

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tudo vale(rá) a pena, se...


Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.

Fernando Pessoa

Ilustração: Composição de elementos produzidos por Paulo Miguel P. Martinho e publicados no seu blogue http://madeiraviva.blogspot.com

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Árvore velha menina nova


Árvore velha
com mil estações.

Menina nova
um rebentinho
sem florações.

Árvore velha
livro antigo
com tanta história
para se ler.

Menina nova
folhinha branca
com tanto espaço
para escrever...


Poema de Teresa Martinho Marques (http://sabordepalavra.blogspot.com)
in Das Palavras, Edições Eterogémeas (
http://www.eterogemeas.com)
ilustrado por Paulo Miguel P. Martinho (
http://pintapalavras.blogspot.com)

sábado, 4 de junho de 2011

Não vou por aí


(...)
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio
Cântico Negro

Cf. http://www.youtube.com/watch?v=qKyWRJZnu2o
em que João Villaret diz o poema completo

Fotografia in
http://piadarts.blogspot.com

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Vamos tirar a pedra do caminho



No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Carlos Drummond de Andrade

Fotografia aqui

quinta-feira, 2 de junho de 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Fim da reflexão eleitoral em Santa Cruz... "A nódoa"

«(...) Não sei se o PS percebe a nódoa que o consulado socratista constitui para si, a desvergonha que representa e que transformou em bandeira, o descrédito que trouxe para a política e aos políticos, o autêntico escarro que significa na cara do eleitorado em geral e dos socialistas em particular. Parece que não.»
José Vítor Malheiros, A nódoa, PÚBLICO, 31.Maio.2011 (pág. 37)