Vasco Pulido Valente |
[…] O Portugal de
hoje não conseguiria nunca perceber o Portugal de 1950 ou de 1960. Agora, até
se glorifica o crescimento da economia e a estabilidade financeira do regime. O
primeiro-ministro com certeza nunca se deu ao trabalho de imaginar aquilo a que
a pobreza haveria condenado um rapazinho de Trás-os-Montes com uma mediana boa
voz. Nem lhe descreveram o deserto que foi Lisboa nessa época de chumbo, onde
ir ao café ou a um cinema de “reposição” tomavam as proporções de um
acontecimento. Os sinais que o país começa a voltar atrás são claros. Verdade
que a civilização que entretanto se criou não vai desaparecer. Mas nada disso
consola se imitações substituírem o que existia antes e acabarmos na
mediocridade e na tristeza de uma simples sobrevivência sem destino.
Sem comentários:
Enviar um comentário