Público, 19.Março.2014
[...] O que se passa nas nossas escolas? O livro A Sala de Aula, da socióloga Maria Filomena Mónica, que acaba de sair do prelo da Fundação Francisco Manuel dos Santos, revela o interior dos edifícios escolares. Para o conhecer melhor a autora pediu a alguns professores e alunos que, sob a forma de diários anónimos, contassem o seu dia-a-dia na sala de aula e à volta dela. [...]
[...] Embora verifique
o colapso educativo, defende o papel insubstituível da escola pública como
elevador social: “Continuo a acreditar que, se as escolas públicas forem boas,
os filhos dos pobres poderão, até certo ponto, sair do círculo de miséria em
que estão encerrados.” A autora é particularmente severa para com o Ministério,
ou melhor para com os seus sucessivos ocupantes (28) após 1974. Critica o
actual ministro, em quem muita gente, incluindo a maioria dos professores,
depositava fundadas esperanças, por pouco ter feito para tornar a escola um
lugar onde se ensina e aprende sem bolas de fogo ou refregas como as de Braga.
Apesar de partilhar com Nuno Crato a aversão ao “eduquês”, a novilíngua que o
Ministério criou e mantém, verifica com mágoa que ele não implodiu a máquina
ministerial como queria fazer, que não deu às escolas a autonomia de que fala e
que não tem dado poder aos professores como é preciso. Pelo contrário, o Ministério,
povoado por assessores incompetentes e sustentado por plataformas informáticas
que Kafka não imaginou, continua a infernizar a vida a professores e alunos.
Conclui Filomena Mónica o seu capítulo sobre os docentes: “Além de não
assegurar a qualidade do ensino, o Ministério impede o normal funcionamento das
aulas.” Tendo a concordar.
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