sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Venha daí mais um copinho...



"Acordo ortográfico, um cadáver adiado"



[...] Ora aqui reside o erro: mesmo que no Brasil haja aplicação plena, já hoje, Portugal fica para sempre preso a uma grafia singular e individual porque se deu ao trabalho de a inventar. Se a ortografia era diferente nos dois países, continua a sê-lo. Mas agora com muitas “facultatividades” e erros de palmatória. O AO é, desde o seu início, uma enorme ilusão e um gigantesco erro. À falta de coragem para lhe pôr termo, estamos condenados a ver arrastar, penosamente, o seu cadáver adiado.

O AO é mais do que um "aleijão"

Lucero Tena > La boda de Luís Alonso, de Giménez



quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

"Invocando o interesse das crianças em vão"

artigo de Paulo Guinote (Público, 27.Fev.2014)

Nos últimos dias houve um avanço significativo no alargamento da estratégia do empobrecimento nacional à Educação, na sua vertente mais sensível, que é o da oferta educativa disponível para os alunos do ensino básico.
Com o pretexto oficial do aprofundamento da autonomia das escolas em matéria de gestão curricular e apenas com a colaboração e bênção de alguns operadores privados no sector, foi publicada legislação que permite a “especialização” das escolas básicas, através da transferência da carga lectiva de umas disciplinas para outras, podendo parte delas ficar apenas com 45 minutos semanais, enquanto outras poderão ver aumentada essa carga (na ordem dos 25%) ou serem mesmo criadas novas disciplinas fora das matrizes em vigor.
A apoiar a ideia, surgiu o director executivo da Associação dos Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (Aeep), que decidiu invocar, para legitimar este tipo de política curricular, o “interesse das crianças” contra os dos adultos (leia-se “professores”), pois ele considera, e assim foi citado em notícia do PÚBLICO, que “no limite” se pode começar a formar um médico no 5.º ano, adequando o currículo a esse objectivo.
Há que, quando se atinge este nível de desvario demagógico, recentrar a discussão e esclarecer alguns pontos fundamentais, que deveriam ser pacíficos para além de qualquer delírio ideológico ou interesse económico ou corporativo. […]

Retorno(s)




In Memoriam Paco de Lucía (1947-2014)

Concierto de Aranjuez - Adagio, de Joaquín Rodrigo


quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Afinal... está-se melhor ou está-se pior?



Com um sorriso pérfido, tão impróprio quanto significativo, Passos Coelho referiu-se assim ao sofrimento que já causou e continuará a causar aos portugueses: “… Quando se começa a levar pancada, as primeiras, que podem ser as mais fortes, não são, necessariamente, as que doem mais …”.
Há circunstâncias em que a leitura das imagens pode ser dúbia. Não é o caso. O primeiro-ministro fez chacota com o anúncio de mais sacrifícios e a justeza do que afirmo poderá ser confirmada por quem me ler. Basta visionar a gravação deste momento abjecto do Congresso do PSD. [...]

In artigo de Santana Castilho (Público, 26.Fev.2014)

In Memoriam Mário Coluna (1935-2014)...

... o grande Capitão!


Carminho >> Alma (2012)



terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

A Ciência... vai formosa e não segura

Descalça vai para a fonte
Leonor, pela verdura;
vai formosa e não segura.
Camões

à Directora do jornal Público

por José Vítor Malheiros




por Carlos Fiolhais


É um mistério...

por João Miguel Tavares

Porquê? Digam-me porquê, por amor de Deus. Por que é que Pedro Passos Coelho resolveu reabrir o túmulo político onde repousava Miguel Relvas, para a sua triste figura vir novamente assombrar os nossos dias, numa altura em que as coisas pareciam começar a correr bem para o PSD?

Se todos nós sabemos que assim que Miguel Relvas abre a boca e mostra os dentes o PSD perde votos, como se justifica este impulso autofágico de Passos Coelho? Será por causa da máquina "laranja"? Mas se Relvas fosse mesmo o todo-poderoso apparatchik, o homem que domina o aparelho com a ponta do calcanhar, como é que se explica a miserável votação da lista que ele encabeçou para o conselho nacional? Nada disto faz sentido, senhoras e senhores, e a falta de sentido faz-me comichão na zona da democracia. Eu não consigo perceber que tipo de relação tem realmente Pedro Passos Coelho com Miguel Relvas – e não gosto de não perceber. [...]

Cada vez melhor...


The best of Baroque



segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Pausa no blogue "Corações da Chamusca"

Carlos Oliveira em entrevista na RTP-2
O meu conterrâneo Carlos Santos Oliveira autor de Corações da Chamusca decidiu fazer uma pausa no seu blogue, com sentidas palavras que passo a resumir:
Faz hoje um ano que publiquei o primeiro trabalho no blogue. Encetei aí um trabalho voluntário que achei ser necessário, por sentir que havia no Concelho da Chamusca e nas suas Gentes, princípios, valores e qualidades que mereciam um reconhecimento público.
Nunca pensei que este meu impulso fosse tão bem recebido e merecesse tantos elogios e atenções e que os próprios entrevistados despertassem tanto interesse e fossem tão estimados pelos visitantes do blogue, o que realça ainda mais a evidência das suas qualidades.
Com 15.600 visitas, repartidas por Portugal e outros 93 países, sinto orgulho e carinho em dizer: Muito Obrigado! Sinto orgulho em ter envolvido várias pessoas e Instituições neste trabalho colectivo, a quem agradeço toda a colaboração, porque juntos conseguimos dignificar a Chamusca e as suas Gentes e mostrar a profundidade das nossas raízes.
Nesta hora de partilha e de balanço gostaria de deixar a mensagem de que irei continuar, agora com menor frequência, porque cada trabalho que publiquei neste blogue significou muitos dias de dedicação.
Um abraço do tamanho do mundo para todos.

Prezado Carlos, nós todos é que agradecemos o trabalho meritório a que meteu ombros e que foi tão bem sucedido. Parabéns! Ficamos à sua espera...

Uns têm, outros não...



Deolinda no Coliseu dos Recreios



domingo, 23 de fevereiro de 2014

O que ele diria no congresso do PSD

por José Pacheco Pereira

Podia-se considerar que se trata apenas de uma situação de emergência em que os governantes do PSD estão apenas a tentar fazer sair o país da crise tornando-se executantes aplicados de programa da troika com que não concordavam. Mas quantas declarações políticas já foram feitas, desde a que dizia que "o programa do PSD era o programa da troika", mostrando que não se trata de uma comunhão por necessidade, mas sim numa concordância de fundo, que vai muito para além das circunstâncias actuais? Até que ponto o programa da troika, que o PSD ajudou a delinear, que o PSD completou nas negociações com Passos e Gaspar e a troika, não é o governo do PSD?

Se virmos bem, a fonte dos discursos de aceitação pacífica de redução da soberania, de diminuição dos poderes do parlamento português, de um futuro de vinte ou trinta anos em que a possível recuperação económica não implicará a recuperação social, em que não há uma palavra para o trabalho, para o seu valor social, em detrimento de uma repetição monocórdica da palavra "empresas", o discurso de divisão entre jovens e velhos, o efectivo abandono de qualquer preocupação ou medida contra o empobrecimento dos desempregados de longa duração ou os "desencorajados", é o governo do PSD e Primeiro-ministro.

Fujam, que ele vem aí...



Mário Viegas >> "Os ais" deste País...



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

João Tordo escreve carta ao pai Fernando Tordo

19.Fevereiro.2014


Magoaram-te. Não a mim, cinquenta anos de tudo e mais alguma coisa. Magoaram-te porque achas estranho que se diga de um tipo, que para mais conheces bem, o que algumas pessoas disseram e continuarão a dizer. Perante a tua carta que a Eugénia e teu irmão Francisco Maria me encaminharam, o que é fica? Tentação de devolver os insultos com o vernáculo que bem me conheces e és admirador? Não. O que fica, meu querido filho, é a tua carta.
Tenho tanto que fazer, aqui. Por todos vocês (grande fotografia que a tua irmã Joana me mandou) ela e os meus netos, aqueles sorrisos.
Não entristeças, João. Temos dado o melhor de nós e isso não admite gentinha; só aceita dignidade e respeito por vidas que se dedicaram e dedicam não porque têm talento, mas sim porque têm aquele mistério revelado de poderem escrever uma carta como a tua. 
Beijo do teu pai Fernando."
(Mensagem publicada no FaceBook)

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

O Mirante lança novo livro de Jaime da Costa Oliveira


O MIRANTEum Jornal que também edita Livros, acaba de publicar Memórias para a História de um Laboratório do Estado, do meu colega e amigo Jaime da Costa Oliveira.


O livro é uma proposta de síntese interpretativa das crises e das mutações a que esteve sujeito o Laboratório de Sacavém, um laboratório do Estado vocacionado para a realização de estudos de energia nuclear, ao longo da sua existência de mais de meio século.

Índice e Prólogo aqui
O livro contém Depoimentos de  Alfredo Nobre da Costa, Álvaro Barreto, Fernando Videira, João Motta Campos, Joaquim Rocha Cabral, Joaquim Soeiro de Brito, José Mariano Gago, José Torres Campos, José Veiga Simão, Leonor Parreira, Luís Alves Monteiro, Luís Mira Amaral, Luís Todo-Bom, Manuel Fernandes Thomaz, Pedro Lynce, Pedro de Sampaio Nunes, e Ricardo Bayão Horta.

Outros livros do mesmo Autor publicados pel’O MIRANTE:


Ciência à deriva



Artigo de Carlos Fiolhais (Público, 19.Fev.2014)

Já ninguém se lembra do programa do governo, mas ele está à distância de um clique. Na área da ciência começava por tecer rasgados elogios aos governos precedentes: “Graças às políticas de investimento de sucessivos governos anteriores, a ciência em Portugal representa uma das raras áreas de progresso sustentado no nosso país, tendo vindo a dar provas inequívocas de competitividade internacional.” [...]
[...]
Até o governo se esqueceu do seu próprio programa num dos raros sectores em que havia um amplo consenso. Não foi apenas o ministro da Economia mas também o primeiro ministro que recentemente criticou a política de ciência dos governos anteriores, incluindo os do seu próprio partido.
[...]
Voltando ao programa do governo, nele se pretendia “instituir mecanismos que dêem voz a toda a comunidade científica nacional.” Contrariando a promessa, hoje essa comunidade não é tida nem achada. Houve até uma tentativa de amordaçamento do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, órgão consultivo que reúne alguns dos nossos melhores cientistas, quando este apontou o desnorte da ciência portuguesa (ver aqui). [...]

Portugueses no Mundo


Há quem diga que Portugal é um caso de sucesso, que é mesmo «o herói-surpresa da Zona Euro»… A realidade-real é bem outra. Por exemplo, o drama da emigração que se está a viver em Portugal pode ser “visto” em Portugueses no Mundo, um programa da Antena-1 coordenado por Alice Vilaça. Marlene Almeida, enfermeira, emigrada há um ano em Braine-l'Alleud, Bélgica, contou hoje o seu caso (ouvir aqui). Mas há mais testemunhos.

Adenda (22h11)
O escritor João Tordo escreveu hoje uma “Carta ao pai”, o músico Fernando Tordo, que emigrou para o Recife e deixou este país, onde nasceu e onde viveu durante 65 anosÉ dessa carta o seguinte excerto: Os nossos governantes têm-se preparado para anunciar, contentíssimos, que a crise acabou, esquecendo-se de dizer tudo o que acabou com ela. A primeira coisa foi a cultura, que é o património de um país. A segunda foi a felicidade, que está ausente dos rostos de quem anda na rua todos os dias. A terceira foi a esperança. E a quarta foi o meu pai, e outros como ele, que se recusam a ser governados por gente que fez tudo para dar cabo deste país - do país que ele, e milhões de pessoas como ele, cheias de defeitos, quiseram construir: um país melhor para os filhos e para os netos.

Adriano Correia de Oliveira >> Fala do Homem Nascido



Poema de António Gedeão
Música de José Niza

Venho da terra assombrada,
do ventre da minha mãe;
não pretendo roubar nada
nem fazer mal a ninguém.
Só quero o que me é devido
por me trazerem aqui,
que eu nem sequer fui ouvido
no acto de que nasci.

Trago boca para comer
e olhos para desejar.
Com licença, quero passar,
tenho pressa de viver.
Com licença! Com licença!
Que a vida é água a correr.
Venho do fundo do tempo;
não tenho tempo a perder.

Minha barca aparelhada
solta o pano rumo ao norte;
meu desejo é passaporte
para a fronteira fechada.
Não há ventos que não prestem
nem marés que não convenham,
nem forças que me molestem,
correntes que me detenham.

Quero eu e a Natureza
que a Natureza sou eu,
e as forças da Natureza
nunca ninguém as venceu.

Com licença! Com licença!
Que a barca se faz ao mar.
Não há poder que me vença.
Mesmo morto hei-de passar.
Com licença! Com licença!
Com rumo à estrela polar.

Giordano Bruno morreu há 414 anos



Giordano Bruno (Nola, Reino de Nápoles, 1548 — Roma, Campo de Fiori, 17 de Fevereiro de 1600) foi um teólogo, filósofo, escritor e frade dominicano italiano condenado à morte na fogueira pela Inquisição romana (Santo Ofício) por heresia.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Falando de ensino pré-escolar


O ex-ministro da Educação Eduardo Marçal Grilo (EMG) (1.º Governo de António Guterres, 1995-1999) deu uma entrevista a Maria João Avillez (MJA)― ver aqui que foi publicada hoje no Público-2 (revista). É desta entrevista o seguinte excerto: 

EMG – […] em quarto lugar havia algo de muito importante que era a mensagem que o ministro lançava para a sociedade.
MJA – Qual era?
EMG – Uma delas foi muito simples: a importância da educação nos primeiros anos de escolaridade.
MJA – O célebre pré-escolar de que tanto falaram na altura?
EMG – Lançámos o pré-escolar, criámos as suas bases. Era uma grande preocupação minha que vinha do tempo em que dirigia o Conselho Nacional de Educação – antes de entrar para o Governo – e sobre a qual já muito escrevera. Os resultados de diversos testes demonstram que os miúdos que passaram pela educação pré-escolar são muito diferentes dos que não tiveram essa possibilidade. Há uma sociabilização da criança, o contacto com as letras, os números, as pessoas, o mundo, e isto é absolutamente essencial para o seu desenvolvimento.

Esta passagem do diálogo desencadeou em mim algumas recordações referentes a factos ocorridos na segunda metade da década de 90, entre as quais (1) uma carta que dirigi a um alto responsável (actual) do PS, e (2) um despacho de Marçal Grilo atribuindo uma menção de Excelência a uma educadora de infância.

Na referida carta ao responsável do PS, escrita em 08.Março.1995, dizia eu o seguinte:
[…] Apraz-me registar, em especial, a prioridade atribuída pelo Eng. António Guterres e a sua equipa à Educação. Embora tudo tenha a ver com tudo, e seja difícil, por isso, eleger uma área prioritária por excelência no meio de tantas que se encontram em situação preocupante, é também minha convicção que é aí, na Educação, que se joga, verdadeiramente, os amanhãs individual e colectivo.
E se me pedissem para identificar uma subárea por onde começar, eu não hesitaria: a educação pré-escolar. Por um lado, é imprescindível que a taxa de cobertura dos jardins-de-infância aumente significativamente e, por outro, importa que se ponha um cuidado particular na formação e reciclagem dos educadores de infância, que, a meu ver, são as pessoas com a missão mais delicada, porque mais portadora de futuro, no sistema educativo. […]

Dito isto, convém recordar que foi precisamente no 1.º Governo de António Guterres, sob a tutela de Marçal Grilo, que a educação pré-escolar registou um impulso assinalável.

Quanto à menção de excelência, em 24.Março.1999 foi publicado no Diário da República um despacho de Marçal Grilo (ver foto abaixo), em que se pode ler o seguinte:
Assim (...) é reconhecido (...) o mérito excepcional e é atribuída a menção de Excelente à educadora de infância Maria Helena Pinheiro Martinho (...) pelo seu invulgar empenho na causa da educação pré-escolar traduzido na dinamização de projectos, na procura de fundamentação científica e na disponibilização e na rentabilização da sua experiência junto de outros profissionais e da comunidade em geral.

Foi uma alegria para nós este justo reconhecimento de um trabalho que continua a ser notável. Basta pesquisar “Helena Martinho” no topo deste blogue, à esquerda, para confirmar isso mesmo.


Clicar para ampliar

Nina Simone >> Feeling Good



World Press Photo 2013



sábado, 15 de fevereiro de 2014

Perguntar não ofende



José Pacheco Pereira
Como é que o Governo pode pensar que em Portugal se vai dar um “milagre” económico com a pauperização do principal sector dinâmico da sociedade, a classe média?

Quando o Governo fala dos portugueses, considera que está a falar dos muitos milhões de pessoas para quem não existe qualquer perspectiva de futuro e para quem o Governo não tem quaisquer políticas e aparenta não se preocupar por não ter? 

Galileu nasceu há 450 anos









Poema para Galileo
de António Gedeão
dito por Mário Viegas

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Who care?



A ler

Santana Castilho

A universidade não deve ser ponto de partida de carreiras tecnocráticas, onde se aprende a “derreter” quem se opõe ao “chefe”.


Quando o discurso oficioso anuncia que o último défice da República ficou abaixo do previsto, manda a essência (e a decência) que lhe perguntemos: Quantas crianças foram lançadas na pobreza? Quantos velhos foram abandonados? Quantos jovens tiveram que emigrar? Quantos pais ficaram desempregados para sempre? Quantos fiéis ao “chefe” serão premiados?

Dvořák >> Symphony No. 9 "From The New World"



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

A ler




Rui Zink

Cumpre estas leis e poderás, pela calada, desobedecer a todas as outras.




As rifas do fisco e a governação rasca 
José Vítor Malheiros

Os grandes evasores fiscais são as grandes empresas e não os pequenos comerciantes.

Sempre a descer

Tal como previ há um ano – ver aqui  – tive de mudar de escala... 
 "É malhar até morrer!!!" mas isto um dia acaba!