quarta-feira, 30 de março de 2016

O telemóvel na Escola, um problema (in)solúvel?


[...] Quando questiono os alunos sobre a dependência dos seus telemóveis,  respondem-me invariavelmente: “o telemóvel é a minha vida”.  [...]

* * *

Os múltiplos problemas que surgem nas escolas pela utilização abusiva de telemóveis por parte dos alunos, faz lembrar a história de o-sapo-e-a-água-quente. É uma metáfora que retrata o que está a acontecer nas nossas vidas a cada dia que passa: as mudanças vão sucedendo de forma tão lenta que não nos apercebemos bem delas... e quando nos damos conta... é tarde!
 

terça-feira, 29 de março de 2016

Desconfiai sempre !

ATENÇÃO: O seu gestor de conta é um funcionário do banco X que tem como únicos fins maximizar o lucro do banco X e atingir os objectivos individuais que o banco lhe impõe em termos de produtos vendidos. Se o seu gestor de conta lhe disser que todos os conselhos que lhe dá visam exclusivamente aumentar os seus rendimentos e a sua segurança financeira, não acredite”.


José Vítor Malheiros, PÚBLICO-29.Março.2016

domingo, 27 de março de 2016

TPC... é preciso ter bom-senso !



"Sonho com Asas" (Kalandraka)... quase a voar!


O álbum “Sonho com Asas”, de Teresa Martinho Marques (texto) e Fátima Afonso (ilustração), foi finalista do VII concurso internacional de Santiago de Compostela [entre 255 trabalhos de 21 países]. A notícia agora é que o álbum será publicado brevemente (em duas versões, uma em Português e a outra em Espanhol)!


sexta-feira, 25 de março de 2016

Pourquoi?


A minha filha Maria Helena enviou-me esta bela foto de Alexandre Jesus tirada no "dia seguinte" ao dos ataques terroristas no coração da Europa.

Conheci o Alexandre nos anos 1980, era ele um jovem. Não esqueço também o seu Pai, que foi o principal responsável pela ida da minha filha Isabel, em 1987, para a Université Libre de Bruxelles.  E por Bruxelas continua a Isabel, agora no serviço de Federica Mogherini.

As voltas que o mundo dá...

Embaixador Duarte de Jesus

quinta-feira, 24 de março de 2016

As lágrimas de Mogherini por "Bruxelas"

Teresa de Sousa (Público, 23.Mar.2016)
[...] O que nos conforta é que há ainda gestos humanos que valem por mil palavras. Têm mais força as lágrimas incontidas de Federica Mogherini, a chefe da diplomacia europeia, e o abraço espontâneo que trocou com o seu homólogo da Jordânia, em Amã, provando que ainda é possível acreditar numa humanidade comum.

quarta-feira, 23 de março de 2016

segunda-feira, 21 de março de 2016

No Dia Mundial da Poesia - Fernando Pessoa: «Minha pátria é a língua portuguesa.»

Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas. Talvez porque a sensualidade real não tem para mim interesse de nenhuma espécie - nem sequer mental ou de sonho -, transmudou-se-me o desejo para aquilo que em mim cria ritmos verbais, ou os escuta de outros. Estremeço se dizem bem. Tal página de Fialho, tal página de Chateaubriand, fazem formigar toda a minha vida em todas as veias, fazem-me raivar tremulamente quieto de um prazer inatingível que estou tendo. Tal página, até, de Vieira, na sua fria perfeição de engenharia sintáctica, me faz tremer como um ramo ao vento, num delírio passivo de coisa movida.
Como todos os grandes apaixonados, gosto da delícia da perda de mim, em que o gozo da entrega se sofre inteiramente. E, assim, muitas vezes, escrevo sem querer pensar, num devaneio externo, deixando que as palavras me façam festas, criança menina ao colo delas. São frases sem sentido, decorrendo mórbidas, numa fluidez de água sentida, esquecer-se de ribeiro em que as ondas se misturam e indefinem, tornando-se sempre outras, sucedendo a si mesmas. Assim as ideias, as imagens, trémulas de expressão, passam por mim em cortejos sonoros de sedas esbatidas, onde um luar de ideia bruxuleia, malhado e confuso.
Não choro por nada que a vida traga ou leve. Há porém páginas de prosa que me têm feito chorar. Lembro-me, como do que estou vendo, da noite em que, ainda criança, li pela primeira vez numa selecta o passo célebre de Vieira sobre o rei Salomão. «Fabricou Salomão um palácio...» E fui lendo, até ao fim, trémulo, confuso: depois rompi em lágrimas, felizes, como nenhuma felicidade real me fará chorar, como nenhuma tristeza da vida me fará imitar. Aquele movimento hierático da nossa clara língua majestosa, aquele exprimir das ideias nas palavras inevitáveis, correr de água porque há declive, aquele assombro vocálico em que os sons são cores ideais - tudo isso me toldou de instinto como uma grande emoção política. E, disse, chorei: hoje, relembrando, ainda choro. Não é - não - a saudade da infância de que não tenho saudades: é a saudade da emoção daquele momento, a mágoa de não poder já ler pela primeira vez aquela grande certeza sinfónica.
Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incomodassem pessoalmente. Mas odeio, com ódio verdadeiro, com o único ódio que sinto, não quem escreve mal português, não quem não sabe sintaxe, não quem escreve em ortografia simplificada, mas a página mal escrita, como pessoa própria, a sintaxe errada, como gente em que se bata, a ortografia sem ípsilon, como o escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-ma do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.

Fernando Pessoa (Bernardo Soares