terça-feira, 18 de junho de 2013

Ainda a greve dos Professores I

"Greve aos exames"
Joaquim Jorge
Publico (p.47), 18.Junho.2013
Cf. aqui

Esta greve aos exames era escusada se o Sr. Ministro tivesse percebido o pulsar do sentimento geral na classe docente – desagrado e intransigência com mais medidas de austeridade.
Os professores, na era Sócrates, foram espezinhados, desclassificados, humilhados e desacreditados , como nunca tinha acontecido. Lembro-me muito bem de José Sócrates procurar intoxicar a opinião pública, colocando em páginas dos jornais, como publicidade, paga por todos nós, incluindo os professores. Tabelas salariais dos professores, em que o valor remuneratório, era,o ilíquido sem descontos, procurando desta forma, fazer ver, que os professores eram muito bem pagos e remunerados. O que é falso e mentira!
Este Big Brother de vencimentos foi atroz e inqualificável. Tentou também  alegar que os sindicatos tinham imensas benesses e privilégios... Numa democracia plena é importante quem represente os professores.
Quando percebeu que a sua estratégia com Maria de Lurdes Rodrigues estava num beco sem saída , colocou Isabel Alçada que limitou-se a apanhar os cacos. A partir de tudo isto ,a Escola deixou de ser um local aprazível e de bom relacionamento. A introdução da avaliação como meritocracia esquecendo-se da especificidade da profissão gerou tensões e divergências insanáveis.
Este Governo teve como lema  de campanha eleitoral o respeito pelos professores, mas foi água de pouca dura, pois na prática a economia e o Ministro Gaspar mandam mais que o Ministro Crato.
Esta greve de hoje aos exames tem o reverso da medalha do que se passou na greve às avaliações . Nas avaliações a falta de um professor inviabilizava a realização da reunião de avaliação. Porém hoje com um número reduzido de professores, apesar da maioria faltar consegue-se realizar os exames.
O cerne da questão não é se houve ou não grande adesão à greve. A questão fundamental é o respeito pelos professores, pela sua profissão, dignidade e especificidade.
Não se põe em causa mandar professores embora, porém com regras e devidamente indemnizados. Depois podem trabalhar mais horas, porém já o fazem há muito tempo. Podem ir para longe da sua antiga escola mas devidamente apoiados com ajudas de custo, etc.
Posso enganar-me, mas no futuro não vai haver quem queira ser professor. Ter-se-á que os recrutar nos países lusófonos.
Se eu fosse governo, não permitiria num prazo alargado que muitos jovens seguissem a carreira docente, enquanto houver professores desempregados. Formar gente para o desemprego é crime de lesa-pátria.
 Governar é projectar e servir de almofada a quem está no sistema. Não é despedir e tratar mal só vendo números. O Ensino tem a disciplina de Matemática, mas tem outras disciplinas como Psicologia que é algo que o Governo não tem...

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