Bagão Félix, PÚBLICO, 05.Abril.2014
Definitivo não é extraordinário. Extraordinário não é
definitivamente ordinário. Mas o ordinário não é sinónimo de temporário. Pode
significar até excepcional. Tão repetidamente excepcional que até pode ser
permanente. Ainda que passe por ser transitório, o que não significa
necessariamente anual. Mas, mesmo assim, especial.
Tudo isto à volta de cortes. Ou de poupanças, o (novo)
nome do aumento de impostos ou do seu equivalente algébrico do lado da despesa.
Cortes que só por si vêm sendo também sinónimo de reforma do Estado. […]
Nada exclusivo de Portugal, diga-se em abono da verdade. A
política e a Europa foram tomadas por uma vaga de palavras, um quase dialecto,
incompreensível para os comuns mortais. Há quem faça gala em usar termos que
nada dizem, mas que impressionam ou dissimulam a vacuidade. Desde a famosa geometria variável, à narrativa, temática e problemática, sinergia e imparidade, ao alocar, agilizar, alavancar e customizar,
ao efeito já descontado em sede de
qualquer coisa, ao disfuncional
resiliente, etc.
Como disse Florbela Espanca, “tão pobres somos que as
mesmas palavras nos servem para exprimir a verdade e a mentira”.
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