quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Escola a tempo inteiro? Não, muito obrigada!

Referia o pedopsiquiatra Pedro Strecht no notável artigo “Escola e Saúde Mental” publicado a 12 de Setembro de 2002 no PÚBLICO, por ocasião de mais um início de ano lectivo, que um dos pressupostos para o sucesso escolar dos alunos passava por não permanecerem tempo demais na Escola, facto que aquele médico classificava como “doentio”.

Voltei a lembrar-me das esclarecidas palavras de Pedro Strecht quando o Agrupamento da Escola que o meu filho frequenta me solicitou uma exposição para justificar o facto de ele não frequentar as Actividades de Enriquecimento Curricular (AEC) “em bloco”, como parece ser exigência da Câmara Municipal, e sair da Escola mais cedo que as demais crianças.

Como mãe e profissional de Educação que sou, tenho a noção clara do efeito perverso que tempo a mais na Escola pode produzir. Por este facto nunca pretenderia que o meu filho frequentasse quaisquer AEC. No entanto, sendo parte deste horário a meio do tempo lectivo, assumi a necessidade de uma hora diária dessas actividades por impossibilidade real de o retirar da Escola a essa hora, mantendo a intenção de não-frequência das AEC na parte da tarde.

Escrevi a justificação para o Agrupamento de forma neutra e contida, não sem, no entanto, ficar com vontade de colocar a quem de direito algumas questões:
· Terá alguma vez sido solicitada uma justificação formal aos pais que deixam os seus filhos 12 horas nas Escolas?
· E àqueles pais que, independentemente de estarem em período de férias, continuam a entregar os seus educandos a instituições?
· Alguma vez se teve o cuidado de verificar se os horários dos pais justificavam o recurso a prolongamentos de horário em instituições educativas?

Fico perplexa quando se toma como “anormal” aquilo que é raro mas deveria ser absolutamente normal… pelo menos a bem da saúde mental de crianças e jovens.


Carta de Helena Martinho publicada no jornal PÚBLICO em 01.Novembro.2010


Estas são as “minhas três Marias”: Maria Helena, Maria Isabel e Maria Teresa (da esquerda para a direita na foto). A Helena Martinho, autora da carta, é obviamente a primeira Maria...

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