Lembra um episódio vivido há muitos anos em casa do irmão, oficial da marinha mercante, quase sempre ausente. A cunhada, médica de profissão e absorvida pela carreira, trazia invariavelmente trabalho para casa. Fechava-se no escritório para não a perturbarem. Colados à porta, aninhavam-se os filhos, implorando à mãe que os deixasse entrar, mas a benesse era-lhes negada. Foi sempre assim, diz-me Isabel. Bens materiais que sobejaram em detrimento da ternura que faltou. Hoje, são adultos "perdidos" e sem perspectivas.
Mas ela tem bonitas recordações do tempo de menina, dos pais já falecidos e do apoio que nunca lhe foi regateado. Emocionada, relembra com saudade os passeios que dava com a Mãe, de mãos dadas. No gesto singelo, o mundo todo, sinónimo perfeito da segurança que ainda hoje sente.
Crónica de Maria da Piedade Pinheiro Martinho
publicada no jornal O MIRANTE (Dez.1989)
publicada no jornal O MIRANTE (Dez.1989)
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