sábado, 3 de maio de 2014

Luís Cília >> A Má Reputação (G. Brassens)



A má reputação

Nesta aldeia sem pretensão
Eu tenho má reputação.
Maltrapilho ou engravatado
acham que sou mal comportado.
Porém eu não faço nem mal nem bem
nesta minha vida de zé-ninguém
Mas que vida mais triste tenho
querendo viver fora do rebanho.
Sou insultado por toda a gente,
menos p'los mudos - é evidente.

Quando há festa nacional
fico na cama, isso é fatal.
Porque a música militar
nunca me fará levantar
Porém não me sinto nada culpado
por não gostar de me ver fardado.
Mas os outros não gostam que eu
siga um caminho sem ser o seu.
De dedo em riste todos me acusam
salvo os manetas - porque o não usam.

Quando vejo um ladrão sem sorte
fugir dum chui que é bem mais forte,
meto o pé e com uma rasteira
lá vai o chui pela ribanceira.
Nenhum mal eu faço a quem bem come
deixando escapar um ladrão com fome.
Mas na Guarda Nacional,
não acham isto natural.
Todos correm atrás de mim
menos os coxos - seria o fim.

Nunca na vida fui profeta
mas sei o fim que se projecta.
Vão-me atar a corda ao pescoço
P'ra me lançarem a um poço.
Porque me fecham nesta redoma?
por o meu caminho não ir dar a Roma.
Mas que vida mais triste tenho
só por viver fora do rebanho.
Todos verão o meu funeral
menos os cegos - é natural.

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