domingo, 23 de fevereiro de 2014

O que ele diria no congresso do PSD

por José Pacheco Pereira

Podia-se considerar que se trata apenas de uma situação de emergência em que os governantes do PSD estão apenas a tentar fazer sair o país da crise tornando-se executantes aplicados de programa da troika com que não concordavam. Mas quantas declarações políticas já foram feitas, desde a que dizia que "o programa do PSD era o programa da troika", mostrando que não se trata de uma comunhão por necessidade, mas sim numa concordância de fundo, que vai muito para além das circunstâncias actuais? Até que ponto o programa da troika, que o PSD ajudou a delinear, que o PSD completou nas negociações com Passos e Gaspar e a troika, não é o governo do PSD?

Se virmos bem, a fonte dos discursos de aceitação pacífica de redução da soberania, de diminuição dos poderes do parlamento português, de um futuro de vinte ou trinta anos em que a possível recuperação económica não implicará a recuperação social, em que não há uma palavra para o trabalho, para o seu valor social, em detrimento de uma repetição monocórdica da palavra "empresas", o discurso de divisão entre jovens e velhos, o efectivo abandono de qualquer preocupação ou medida contra o empobrecimento dos desempregados de longa duração ou os "desencorajados", é o governo do PSD e Primeiro-ministro.

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