por José Pacheco Pereira
Podia-se considerar que se trata apenas de uma situação
de emergência em que os governantes do PSD estão apenas a tentar fazer sair o
país da crise tornando-se executantes aplicados de programa da troika com que
não concordavam. Mas quantas declarações políticas já foram feitas, desde a que
dizia que "o programa do PSD era o programa da troika", mostrando que
não se trata de uma comunhão por necessidade, mas sim numa concordância de
fundo, que vai muito para além das circunstâncias actuais? Até que ponto o programa
da troika, que o PSD ajudou a delinear, que o PSD completou nas negociações com
Passos e Gaspar e a troika, não é o governo do PSD?
Se virmos bem, a fonte dos discursos de aceitação
pacífica de redução da soberania, de diminuição dos poderes do parlamento
português, de um futuro de vinte ou trinta anos em que a possível recuperação
económica não implicará a recuperação social, em que não há uma palavra para o
trabalho, para o seu valor social, em detrimento de uma repetição monocórdica
da palavra "empresas", o discurso de divisão entre jovens e velhos, o
efectivo abandono de qualquer preocupação ou medida contra o empobrecimento dos
desempregados de longa duração ou os "desencorajados", é o governo do
PSD e Primeiro-ministro.
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