artigo de Paulo Guinote (Público, 27.Fev.2014)
Nos últimos dias
houve um avanço significativo no alargamento da estratégia do empobrecimento
nacional à Educação, na sua vertente mais sensível, que é o da oferta educativa
disponível para os alunos do ensino básico.
Com o pretexto
oficial do aprofundamento da autonomia das escolas em matéria de gestão
curricular e apenas com a colaboração e bênção de alguns operadores privados no
sector, foi publicada legislação que permite a “especialização” das escolas
básicas, através da transferência da carga lectiva de umas disciplinas para
outras, podendo parte delas ficar apenas com 45 minutos semanais, enquanto
outras poderão ver aumentada essa carga (na ordem dos 25%) ou serem mesmo
criadas novas disciplinas fora das matrizes em vigor.
A apoiar a ideia,
surgiu o director executivo da Associação dos Estabelecimentos de Ensino
Particular e Cooperativo (Aeep), que decidiu invocar, para legitimar este tipo
de política curricular, o “interesse das crianças” contra os dos adultos
(leia-se “professores”), pois ele considera, e assim foi citado em notícia do PÚBLICO, que “no limite” se pode começar a formar
um médico no 5.º ano, adequando o currículo a esse objectivo.
Há que, quando se
atinge este nível de desvario demagógico, recentrar a discussão e esclarecer
alguns pontos fundamentais, que deveriam ser pacíficos para além de qualquer
delírio ideológico ou interesse económico ou corporativo. […]
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