O Armelim é assim... já nasceu fadado para ser príncipe. Começou no berço. Começou no nome... É príncipe desde o levantar, manhã cedo.
Chega sozinho à escola com ar decidido e eu digo-lhe: «Olá príncipe Armelim!». E assim começa o dia...
Entra como o vento pela sala e num repente tudo fica encantado. De capa e calça brilhante, montado no fiel cavalo de pau... parte à desfilada. Vence bruxas e gigantes, espinhos mágicos em torno de castelos, dança nos bailes, acorda princesas, casa... quase todos os dias. Cavalgando pelas florestas, brandindo a sua espada, ele é um herói invencível... ele é o sonho de qualquer princesa.
Vive com emoção a construção de um palácio, mesmo como o dos reis... torre... trono... espelho mágico... cama... guarda-roupa real.
Às vezes, no meio de uma história, em momento de perigo, levanta-se com emoção, desembainha uma espada imaginária e ergue-a bem alto pronto a terminar pesadelos... mas a história continua ainda e volta a guardá-la sentando-se e suspirando...
Ele é Cinderlad cavaleiro, ele é Jack o Matador de gigantes, ele é príncipe rã... vivem nele todos os príncipes do mundo... É assim... o príncipe Armelim.
E é por isso que, quando o dia acaba, e já sem manto e sem cavalo regressa a casa, não resisto a dizer: «Adeus príncipe Armelim!»...
Depois fico a pensar nele...
Fui bruxa vezes sem fim... Já vivi muitos contos de fadas...
Mas nunca tive um príncipe tão príncipe na minha vida...
Crónica de Maria Helena Pinheiro Martinho publicada na revista Cadernos de Educação de Infância, N.º 17-18, 1991
NOTA – O Armelim era um menino de 4 anos que frequentava o Jardim de Infância de Famalicão da Nazaré Ilustrações: http://presentesdejulia.zip.net
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