Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
António Ramos Rosa
in "Viagem Através de uma
Nebulosa"
António Victor Ramos Rosa (Faro, 17 de Outubro de 1924 - Lisboa, 23 de Setembro de 2013), foi um
poeta português, e desenhador. Estudou em Faro, não tendo
acabado o ensino secundário por questões de saúde. Em 1958 publica no jornal «A
Voz de Loulé» o poema "Os dias, sem matéria". No mesmo ano sai o seu
primeiro livro «O Grito Claro», n.º 1 da colecção de poesia «A Palavra»,
editada em Faro e dirigida pelo seu amigo e também poeta Casimiro de Brito.
Ainda nesse ano inicia a publicação da revista «Cadernos do Meio-Dia», que em
1960 encerra a edição por ordem da polícia política. Fez parte do MUD Juvenil. O seu nome foi dado à Biblioteca Municipal
de Faro.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Ramos_Rosa
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