sábado, 25 de maio de 2013

Nazaré Santos, uma ilustre chamusquense

O texto que se segue foi escrito por Carlos Santos Oliveira no seu blogue Corações da Chamusca (ver aqui). É a introdução que precede uma entrevista que vale a pena ler para compreender por que a intitula Nazaré Santos, um coração sem fronteiras (ver aqui).

«Maria da Nazaré Gameiro Alves dos Santos nasceu na freguesia da Chamusca em 06/07/1940. Foi uma criança e uma jovem dedicada e envolvida socialmente. Formou um Grupo Coral, um Rancho Folclórico e deu aulas de música, sempre com o objectivo de ensinar e mobilizar pessoas para a intervenção cultural e social.
Sentiu-se na necessidade de deixar de estudar para cuidar da mãe que estava muito doente. Situação que duraria 10 anos. Mas após o falecimento daquela, com uma força de vontade e motivação extraordinárias, voltaria novamente a prosseguir os estudos e a desenvolver a vocação de ser enfermeira.
Frequentou a Escola Superior de Enfermagem de Santarém, cujo curso pagou com o seu trabalho na agricultura e fazendo malhas, e aos 42 anos viria finalmente a formar-se. No Centro de Saúde da Chamusca, onde foi colocada, para além de enfermeira, foi membro da Direcção e uma Amiga a tempo inteiro, que percorria todo o Concelho a prestar cuidados de saúde a quem deles carecia, sem receber dinheiro por qualquer hora extraordinária ou subsídios para as deslocações que fazia usando o seu próprio carro.
Alguns anos depois, aos 49 anos, percebeu que a sua dádiva podia ainda ser maior e dedicou-se à AMI (Assistência Médica Internacional). Fez 19 missões no estrangeiro. Esteve na Guiné, em Cabo Verde, em S. Tomé, em Angola, em Timor, no Ruanda e na Macedónia, no Kosovo.
Correu perigo de vida, encarou os olhos da morte, mas andou sempre pelo meio da violência, do caos, do desamparo e do sofrimento com o coração sangrando de humildade, de humanidade e de Amor.
Em África sofreu paludismo, febres várias e uma doença que a obrigou à reforma. Apesar do seu estado de saúde debilitado, em 2003, ainda foi uma das pessoas mais empenhadas no auxílio às populações atingidas pelo fogo que queimou casas e consumiu vidas no concelho da Chamusca.
Obteve tributos e distinções, o maior de todos o Prémio Mulher Activa 2002 no valor de 35.000€. Dinheiro que, ainda no próprio estúdio onde se realizou o programa de televisão e no qual foi agraciada, num gesto magnífico de altruísmo, de humanidade e de generosidade doou para os órfãos de Angola. Pois, como a mesma refere: “o dinheiro não era meu, pertencia a todos os pobres com quem trabalhei. Sem eles o prémio nunca me seria atribuído.”
No momento actual continua a intervir socialmente, ajudando algumas pessoas mais carenciadas da Chamusca, porque a sua vida só tem significado “como uma missão de ajuda ao próximo.”
Num mundo sem valores, onde o egoísmo, a ganância e o materialismo destroem a humanidade, são exemplos como o desta Mulher, que nos fazem reflectir sobre o porquê da nossa própria existência e se somos verdadeiramente humanos?
Nazaré Santos, com a sua humildade, dedicação, vocação profissional e riqueza sentimental, desbravou caminhos, estabeleceu pontes de progresso e de Amizade, ajudou a sarar feridas, a mitigar a dor, a fazer nascer as sementes da esperança. Com ela, o mundo órfão de Amor, encontrou uma Mãe fervorosa de paixão, que deu a sua vida para salvar a dos seus filhos.
Sinto por ela uma enorme admiração e em meu nome e no de tantos outras pessoas, apenas posso agradecer-lhe por ter tornado o nosso Mundo melhor.

Obrigado pela dádiva da sua Vida!»

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