Resisti a falar dela.
Talvez porque não tenha sequer sido.
Ou porque gosto de saber que os encontrarei a todos para o ano, embora não na minha sala de aula como aconteceu por dois anos (novamente especiais). Mais um ciclo completado com alegria.
Dissemos até já ao jeito dos spots publicitários.
Dissemos vamos ter tantas saudades, mas sabendo que estamos mais perto do que nunca foi possível. Todos ali na rede digital ao meu lado, comunicando, enviando mensagens, provocando-me, comentando. A distância terminou e as lágrimas já não se apoderam de nós no final dos ciclos. Ainda bem.
O mundo muda e há mudanças de que gosto muito. A proximidade é a melhor delas todas.
Miúdos! Continuaremos juntos no matter what!
(Aqui na foto - ESE/IPS - faltam alguns, mas estiveram presentes connosco nesse dia...)
A minha turminha D (mais uma turminha Scratch que alinhou com as suas Famílias em muitas aventuras - obrigada, Mães e Pais, por tudo!) que se despediu de mim com bons resultados numa prova de aferição que vale o que vale (não é minha intenção discutir isso agora). 3 D (insuficiente) em 28 alunos (um deles é um aluno que terá 3 sem aflição... e registei a ausência de D num aluno que terá nível 2... Dois Dês correspondem, portanto, a dois dos três alunos com 2, no final deste ano). Depois há um A (esperado) e 16 B - Bom (alguns deles com 3A e 1 B nos domínios avaliados ?? mas B na avaliação final) e 8 C (Suficiente)... Bastante coerência com os níveis que atribuirei: os Bês e A são alunos de 4 ou 5 e os C (com raras excepções) serão os alunos com 3.
Tudo vale o que vale, mas é difícil resistir a comparar o que nos acontece com os resultados da Escola, os resultados nacionais e com as nossas próprias interpretações da avaliação do caminho feito pelos alunos. Não me descansa em nada... mas, pelo menos, não escutarei dizer que os meus métodos, pouco comuns e nada conformados ou formatados ao manual e rigidez das abordagens, contribuem para baixar o nível de resultados da minha Escola, ou do meu país, nas avaliações aferidas. Mais liberdade, suponho, para seguir tranquilamente as minhas opções, valham os resultados o que valerem. Aproveito-me do sistema, tal como o sistema se tenta aproveitar de mim, sem esquecer NUNCA que EU SOU o sistema e que está nas minhas mãos ir moldando a Educação no melhor sentido possível. Muita exigência é fundamental. Experiência, compreensão da criança mas sem paternalismo. Amor presente, distância clínica. Respeito de parte a parte.Como eles me dizem com carinho: a professora é boa a ser má... Guardarão de mim essa exigência grande, o exemplo que lhe procuro juntar (não exijas aos outros sem exigir de ti) e um carinho infinito por eles, feito da mais pura verdade. Digo sempre sem esconder: não chega, tens de fazer muito mais. E procuro encontrar as melhores formas de os ajudar e de os ensinar a ajudarem-se a si próprios. E de os ensinar a gerir a frustação e o medo. A desenvolver a autonomia. A crescer sem a protecção constante do mal e da tristeza, na qual se vão viciando. Sofrer faz parte do crescimento. Competências fundamentais a adquirir.
E esforço partilhado. Não faço milagres sozinha sem eles e sem as Famílias.
No último dia de aulas reencontrei pelo recreio os meus GTScratch (a minha primeira turminha Scratch do mestrado) e já me foram avisando: contamos consigo para o ano que vem no nosso Baile de Finalistas! (Mais um vestido... não pode ser o mesmo :). Que sim... que sim. Podia lá perder o baile da minha turma G! Também eles estão perto de mim no digital e vou seguindo os seus passos, sem que a saudade penetre em excesso no peito.
As despedidas já não são o que eram e ainda bem.
Não gosto de despedidas de coisas boas.
Gosto de Olás, gosto de Até já(s), Até mais ver, Até logo(s). Gosto da esperança contida neles.
De adeus(es) não.
Teresa Martinho Marques (http://tempodeteia.blogspot.com)
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