sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Médias e o princípio de Peter

Meu artigo publicado hoje em O MIRANTE online

Já aqui falámos da confusão que tem sido o início do ano escolar, em particular no que diz respeito à colocação de professores. Todavia, temos de voltar ao assunto. É que, soube-se agora, no Ministério da Educação e Ciência (MEC) há quem não saiba fazer certas contas, o que não deixa de ser uma ironia dado que o ministro Nuno Crato é (segundo a Wikipédia) um “conhecido matemático e estatístico português”.
Não pensem os leitores que eram contas difíceis de fazer. Não. O que estava em jogo basicamente era uma simples média entre dois números, valor que se calcula somando os números e dividindo a soma por dois. Por exemplo, a média entre 12 (doze) e 16 (dezasseis) é 14 (catorze), considerando neste caso duas notas classificativas de um aluno expressas numa escala de 0 a 20 valores.
É claro que há um pressuposto neste cálculo: os dois números têm de estar expressos numa mesma escala. Por exemplo, não podemos achar a média de duas temperaturas estando uma expressa em graus Celsius e a outra em graus Fahrenheit. Antes de calcular a média, há que exprimir ambas as temperaturas na mesma escala, seja em graus Celsius ou em graus Fahrenheit.
Ora, no MEC alguém achou que se podia somar alhos com bugalhos e dividir por dois! Isto, numa operação destinada à ordenação de professores na chamada “bolsa de contratação de escola”, é um perigo para a vida de muita gente... Não é de admirar, portanto, que uma professora contratada há vários anos em Vila Real tivesse sido colocada no Algarve, a 600 quilómetros de casa e da sua família!

O ministro Nuno Crato, depois de alertado por diversas vias, veio à última hora reconhecer o erro dos serviços do MEC perante a Assembleia da República (5.ª feira, dia 18 de Setembro): "Peço desculpa aos professores, aos pais e ao país." Só lhe fica bem esta atitude de humildade, mas melhor seria que fosse mais longe.
Em resultado desta situação, Mário Agostinho Alves Pereira, director-geral da Administração Escolar (DGAE), assumiu a responsabilidade pela aplicação errada da fórmula que afectou largas centenas de professores. Em consequência, apresentou o pedido de demissão, que foi aceite.
Mas, há sempre um “mas”, segundo um despacho do MEC publicado no mesmo dia, foram subdelegadas competências da DGAE na Prof.ª Dr.ª Luísa Loura, exactamente a pessoa que protagonizou há dias a hilariante cena da “pen” que não estaria metida no sítio certo do computador… O chamado “princípio de Peter” aplicado à administração sugere que, “num sistema hierárquico, todo o funcionário tende a ser promovido até ao seu nível de incompetência”. Teremos o princípio de Peter a funcionar no MEC?

1 comentário:

  1. Olá Eduardo! Não se deixe enganar pela primeira frase da Wikipédia. É só para impressionar! Ele é um economista de base, e por isso é que está no Governo. Para fazer economia onde não devia, ou seja na Educação. Abraço!

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