1. Começa agora o ano lectivo para muitos milhares de
professores e alunos em todo o País. O ministro da Educação e Ciência (MEC) diz
que está tudo normal. Antes estivesse. Sabendo-se que o funcionamento do
sistema informático do ministério deixa muito a desejar, que há erros incompreensíveis
na colocação de professores, que há escolas com falta de professores e de
auxiliares, etc., a normalidade vista pelo MEC só pode ser entendida como a
repetição da anormalidade que se tem verificado nos últimos anos…
Foi com esta (a)normalidade
à soleira do ano lectivo que o MEC veio falar ao País (conferência de imprensa,
SIC Notícias, 12.Set.2014) sobre uma irrelevância (créditos horários) face ao
que estava em jogo, no que foi acompanhado por uma professora universitária (doutorada
em Estatística e Computação e tudo!) que vinha apresentar um PowerPoint explicando
os fundamentos técnicos da dita irrelevância. Eis que, quando o MEC passou a
palavra à professora Luísa Loura, esta fez uma confissão inesperada: tenho uma pen… mas parece que não está
metida no sítio certo… Estamos conversados! A ideia que fica é que a
conferência de imprensa de Nuno Crato foi uma manobra de diversão para
escamotear a “grande trapalhada”, expressão
com que o Prof. Marcelo classificou na TVI a organização do novo ano escolar.
2. Carlos Moedas vai ser o novo comissário europeu de
Investigação, Ciência e Inovação. Não era uma pasta sem peso político que o
Governo desejaria, mas, que remédio, Passos Coelho acabou por dizer que era
excelente, porque era muito importante para a Ciência em Portugal. Nesta
nomeação não há uma especial (a)normalidade, há sim uma grande ironia: este
Governo, ao arrepio dos avanços que vinham sendo feitos desde há 15 anos, provocou
um atraso sem precedentes no sistema científico nacional, condenando metade dos
centros de investigação a uma existência precária. E quem era o chefe da UTAO,
uma das caras da austeridade financeira? Carlos Moedas, ele próprio. Por aqui
se imagina o que se pode esperar deste comissário português em Bruxelas. Fará o
que lhe mandarem fazer.
3. O caso BES é tudo menos normal. É mesmo um caso onde
sobra anormalidade onde devia haver honestidade, solidez, confiança. Na solução
(será?) encontrada para o banco, ao separarem o “bom” do “mau” com injecção de
capital no “bom”, a ministra das Finanças veio dizer-nos que os contribuintes
não seriam chamados a pagar os desmandos cometidos pela família Espírito Santo.
Tudo indica não é bem assim (porque haveria de ser?), portanto preparem-se os
do costume para contribuir para a sopa dos ricos.
Mas as (a)normalidades
não se ficam por aqui. Tem havido desentendimentos entre o Banco de Portugal e
a CMVM, entre a Presidência da República e o Governo (se o senhor presidente quisesse saber mais sobre o BES, tivesse perguntado,
sugeriu Passos Coelho em resposta às insinuações de Cavaco Silva). Estes são
apenas alguns exemplos, sem esquecer que não há ninguém a assumir a paternidade
do que quer que seja. Finalmente, a administração do Novo Banco pediu a
demissão, porque entendeu que não foi chamada para a tarefa de vender o banco. Outros
vêm aí com esse desiderato. Entretanto, com tantos solavancos, o banco vai
perdendo valor. A alguém há-de servir esta situação.
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