domingo, 23 de agosto de 2015

À PROCURA DO CONTEXTO DA MAROSCA >> Especialista em Geodinâmica precisa-se!


No post À procura da marosca cheguei a uma conclusão verosímil sobre a trama subjacente ao caso da gritante injustiça de que foi vítima Fernando Ornelas Marques (FOM) (CurriculumVitae) num concurso para professor catedrático da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (Geologia). Sugeri então que havia “pontas da meada” a carecerem de significação no contexto da dita marosca. Uma dessas pontas diz respeito à constituição do júri do concurso, tema que será abordado aqui. 

Segundo o Regulamento dos Concursos na UL (*), os membros do júri “são todos pertencentes à área ou áreas disciplinares” para que é aberto o concurso. Não foi isso que aconteceu, porque nenhum membro do júri pertencia à especialidade de Geodinâmica.

O presidente do júri era António Sampaio da Nóvoa, reitor da Universidade de Lisboa, que se fez representar pelo vice-reitor António Vasconcelos Tavares, docente da Faculdade de Medicina Dentária. Foram vogais do júri:
1.   Cristino Dabrio Gonzalez, professor catedrático da Faculdade de Ciências Geológicas da Universidade Complutense de Madrid, pertencente ao Departamento de Estratigrafia.
2.  João José Cardoso Pais, professor catedrático do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, especialista em Estratigrafia, Paleontologia, Cartografia geológica.
3.  Fernando Joaquim Tavares Rocha, professor catedrático do Departamento de Geociências da Universidade de Aveiro, cuja área de investigação é Argilas e Minerais Industriais.
4.  António Manuel Nunes Mateus, professor catedrático do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cuja área científica é Metalogenia, Mineralogia e Geoquímica.
5.  César Freire de Andrade, professor catedrático do Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, cuja área científica é Geologia costeira. Nota: À data dos factos, este professor desempenhava as funções de presidente do Departamento de Geologia da FC/UL.

Que se poderá dizer deste júri designado para apreciar o mérito dos candidatos a um concurso para Professor Catedrático na FC/UL (Geologia, Geodinâmica)? Que era inapto para a função? Que não tinha a competência requerida? Como vimos acima, o Regulamento dos Concursos estipula que todos os membros do júri devem pertencer à área ou áreas disciplinares para que é aberto o concurso. Ora, entre os membros não há nenhum que seja especialista em Geodinâmica.

Por que razão se verificou esta anomalia? Segundo o citado Regulamento, podiam integrar o júri “especialistas de reconhecido mérito, nacionais ou estrangeiros, de instituições públicas ou privadas, tendo em consideração a sua qualificação académica e a sua especial competência no domínio em causa”. Ocorre perguntar: Não haverá especialistas em Geodinâmica em Portugal?! Não havendo, por que motivo não foi convidado um especialista estrangeiro para fazer parte do júri? Não era difícil encontrar alguém com o perfil adequado, assim tivesse havido vontade nesse sentido. Por exemplo, poderia ser escolhido um de entre os seguintes professores, investigadores e autores de livros de renome mundial: Jean-Pierre Burg, Taras Gerya ou Paul Tackley (ETH-Zurich); Peter Cobbold (Universidade de Rennes–1); Yury Podladchikov (Universidade de Lausanne); Raymond Fletcher (Universidade da Pensilvânia, USA); Giorgio Ranalli (Carleton University, Canadá).


Feita esta reflexão, fica a sensação desagradável e inquietante de que também o júri foi escolhido de acordo com o objectivo final da marosca, isto é, a “expulsão” de Fernando Ornelas Marques do concurso...

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(*) Despacho da Reitoria da UL n.º 14488/2010, publicado no Diário da República, 2.ª série –N.º 181 – de 16.Setembro.2010

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