Poema de Álvaro de Campos com música de Mário Laginha
cantado por Camané – Disco: “O Melhor/1995-2013”
Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
– Tirava
os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.
Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
– (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
Se eu te desse a minha vida,
Que diria a tua mãe?
– (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.
E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
– Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
– Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
– Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
Não fosse senão poesia?
– Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.
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