domingo, 4 de janeiro de 2015

Uma estória onde se fala de (pouca) luz...

... no Ano Internacional da Luz.

2015 é o Ano Internacional da Luz. Foi a ONU que assim o ditou, logo a ONU que de tanta luz precisa. Se calhar foi por isso que proclamou: 2015 é o Ano Internacional da Luz! Este é o ano internacional da luz, e eu quero escrever sobre a luz, mas não com os olhos do físico que (ainda) sou. Eu quero escrever sobre a luz com os olhos da criança que fui, porque a primeira luz de que me lembro era uma luz vinda de uma lâmpada colocada no extremo de um fio pendurado do tecto. A luz era tão escassa que eu não sei se era da altura a que estava a lâmpada se era da potência da dita. Que em minha casa parecia que já vivíamos em tempos com cuidados ecológicos: o meu pai, que era muito exigente com o gasto das lâmpadas, vigiava atentamente se as lâmpadas estavam ligadas quando tal luxo podia ser dispensado. Para diminuir a conta da luz ao fim do mês, o meu pai chegou a substituir a lâmpada da cozinha por outra de menor consumo. A minha mãe, coitada, chegou a pensar que estava a ver menos bem. Mas parece que estou a afastar-me do que pretendo dizer…. Ah, já sei. Estava a falar do ano internacional da luz, mas meti pelo meio a primeira (pouca) luz de que me lembro, a do meu quarto. Isto talvez porque a dificuldade era real, eu via mesmo mal, tinha que fazer um grande esforço para estudar a lição do dia seguinte ou fazer a cópia que tinha de apresentar, de tal maneira que ficava com os olhos molhados e com comichão. Não sei se foi daí que contraí uma espécie de conjuntivite. Como se percebe, a primeira luz de que me lembro não me traz à memória boas recordações… Em compensação, há cores que me ficaram na retina. Essas eram vistas à luz dia, tendo por pano de fundo céus brilhantemente azuis: fosse o branco imaculado dos jarros (que eu não sabia que era uma mistura mágica de luzes de todas as cores!) ou o mesclado branco-vermelho dos brincos-de-princesa de que a minha mãe cuidava com tanto desvelo, fosse ainda a cor das extraordinárias laranjas-da-baía da minha laranjeira. Sim, a laranjeira que cresceu comigo e de que já falei aqui. Oops!, parece que estou a divagar novamente. Tenho de escrever um post-it a dizer: 2015 é o Ano Internacional da Luz!

Sem comentários:

Enviar um comentário