Arlette Mourão Cardoso foi
uma distinta Professora do Ensino Primário Oficial. Dedicou toda uma vida ao Ensino,
tendo leccionado várias gerações de alunos, antes de assumir a docência de
futuros professores.
Nasceu no Rio de Janeiro – os
seus Pais, Emília Mourão Cardoso e Manoel Cardoso, haviam emigrado para o
Brasil no primeiro quartel do século passado – mas pouco tempo depois regressou
a Portugal com a família, que se fixou na aldeia de Cem-Soldos, perto da cidade
de Tomar. Ficou
órfã de pai perto do primeiro ano de idade.
Frequentou o Colégio D.
Nuno Álvares (Tomar), onde concluiu a Escola Primária e o Ensino Secundário, tendo
realizado os respectivos exames nacionais no Liceu Sá da Bandeira (Santarém).
Foi diplomada, em 1942, pelo
Júri de Exame de Estado para o magistério primário na Escola do Magistério
Primário de Santarém (classificação: 17 valores), e concluiu as disciplinas de
Pedagogia, História da Educação e Higiene Escolar, do Curso de Ciências Pedagógicas,
na Universidade de Coimbra.
Em 1947 casou com Carlos
Artur Gonsalves Mourão, também ele Professor, tendo sido mãe de sete filhos. Apenas
com o rendimento do seu trabalho como professores, o casal Mourão conseguiu proporcionar
uma educação de nível superior aos seus filhos, que hoje são profissionais
altamente qualificados. Da descendência fazem ainda parte dezoito netos e nove
bisnetos.
* * *
No passado dia 11 de Abril,
a D. Arlette completou 92 anos, tendo sido muitas as felicitações que recebeu
pelo seu aniversário. Decidiu então enviar a todos, via email, a seguinte
mensagem:
Não se pode agradecer tanto amor e dedicação. Mesmo se eu
conseguisse chorar um agradecimento sentido, não compensava a ternura de todos
vocês.
Fica este agradecimento para quando eu fechar os olhos e
já não puder falar.
Obrigada pelo último beijinho.
Elas hoje querem rimar
Mas eu estou com pouca intenção
de abrir assim a toda a gente
(e principalmente aos netos)
o que vai no meu coração.
o que vai no meu coração.
Eu não abro mais coisa nenhuma porque tenho medo que saiam os Lusíadas e o Camões fica desgraçado para o resto da vida.
E perante esta loucura moderna dos computadores, eu só quero dizer que tenho muitas saudades das fraldas que punha aos meus filhos e netos.
Até sempre
Arlette
Nota pessoal
A D. Arlette foi nossa vizinha
de prédio durante cerca de 40 anos. Quando nos encontrávamos, tinha sempre um
gesto de simpatia, uma palavra de carinho, uma manifestação de alegria de
viver. Até ao fim, manteve uma grande lucidez e conservou um enorme sentido de
humor (como o prova a mensagem acima). A sua benção, Senhora D. Arlette!
Obs. - O presente post foi elaborado com base em informação gentilmente cedida a meu pedido por familiares da homenageada: Isabel Mourão (filha) e Paula Mourão (neta).
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