Luís Campos e Cunha |
[...] A situação social
e económica é dramática, como quase todos reconhecem. A crise financeira do
Estado espoletou uma crise económica e social de proporções inesperadas até
pelos mais pessimistas. As suas origens estão nas políticas adoptadas nos
últimos 10 anos, agravadas pelo caminho seguido nos últimos anos.
A falta de visão
inicial levou a uma crise financeira do Estado apenas comparável à de 1892; a resposta
à crise foi, no mínimo, desastrada, casuística e sem rumo perceptível tanto por
nossa responsabilidade como das instituições europeias.
As políticas
seguidas, em particular entre 2008 e 2010, conduziram o Estado a ficar, possivelmente,
a dias de cessar pagamentos. O acordo com a troika,
longe de ser perfeito, evitou o pior. Mas esse acordo só era relevante para
evitar essa cessação de pagamentos, o que já não era pouco. A ideia de que o
Estado está falido e, como tal, tudo
é aceitável é, e tem sido, um erro grave: o acordo com a troika fez-se exactamente para evitar essa falência.
Entretanto, por
erros de comunicação, políticas erráticas e decisões fora de tempo, criou-se
uma incerteza absolutamente desnecessária e um ambiente de desconfiança em
relação ao Estado de Direito incompatível com a recuperação da economia, do investimento
e do emprego.
Ninguém confia em quase nada que seja prometido pelo
governo: isso é incompatível com uma saudável vivência democrática. [...]
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