Aqui cheguei, pois, a um
meio físico e humano distinto de tudo quanto conhecia. Trouxe todos os ideais
educativos que carrego comigo e que fazem no fundo parte da minha maneira de
estar no dia-a-dia.
Frente ao desconhecido,
como me encontrava, tinha sobretudo uma convicção: que vinha educar; o que para
mim significa ajudar cada um a ser aquilo que tem de ser e não aquilo que
queremos que seja. Acredito e aposto na originalidade, que deve ser protegida,
incentivada, desenvolvida. O objectivo da educação que faço, ou tento fazer, é
o crescimento dentro da diferença. O direito à diferença é fundamental em todas
as etapas da vida física, psíquica e mental. Fundamental é conseguir conservar
os traços característicos de cada indivíduo e não, como acontece em geral,
tentar massificar as atitudes por ser mais fácil lidar com grupos homogéneos do
que com pessoas bem individualizadas.
O sistema tradicional de repreensões
e castigos encarrega-se de modelar os indivíduos em cada fase da estruturação
do seu "eu" (que deveria ser único e subjectivo). Este sistema é
primeiramente adoptado em casa, no ambiente familiar. Continua no meio
exterior, e neste os estabelecimentos de ensino participam, em geral, no
processo. A sociedade encarrega-se de fechar o mesmo. Assim, a evolução do
indivíduo e, por conseguinte, dos grupos e das sociedades fica comprometida e
sofre atrasos irremediáveis geração após geração.
A socialização não deve, pois, entender-se como adaptação a regras fixas como único meio de conseguir uma vida em grupo. Deve entender-se dinamicamente, como a possibilidade de uma vida em grupo mais activa e original, através das transformações que os indivíduos únicos lhe imprimem. A fuga à norma deixa de ser trágica e condenada e passa a ser o móbil, o ponto de partida para novas vivências em grupo.
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