segunda-feira, 29 de abril de 2013

… porque os velhos não querem morrer


«José Cunha Rodrigues, ex-Procurador-Geral da República e ex-Juiz do Tribunal de Justiça da União Europeia, foi entrevistado, a vinte deste mês, por António José Teixeira no programa A Propósito da SIC. 


Nessa entrevista, num determinado momento, para explicar melhor o "pensamento societal" que tomou conta do pensamento colectivo, contou um episódio singelo de que tinha tido conhecimento: uma professora pediu aos seus meninos para dizerem o que, no seu entender, justifica a crise de que toda a gente fala.

Um dos meninos respondeu: "porque os velhos não querem morrer".

O menino, na sua inocência, deu tal resposta como poderia ter dado outra resposta qualquer que pairasse no ar, mas, insinuando-se esta de modo forte, ele não podia deixar de a apreender; depurou-a dos artifícios de que os adultos se socorrem para ficarem sempre bem vistos e verbalizou-a, certamente, num sorriso.

Dizem os psicólogos sociais que uma boa forma de aferir estereótipos é inquirir crianças porque, sem terem aprimorado a filtragem da desejabilidade social, captam-nos e reproduzem-nos na sua forma mais genuína.

Devem, por isso, as suas respostas fazer-nos pensar naquilo que, como adultos, pensamos.»



Post de Helena Damião 
no blogue De Rerum Natura (28.Abril.2013, ver aqui)
(Helena Damião é professora da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação 
da Universidade de Coimbra). 







Este post fez-me lembrar o impressionante artigo de José Vítor Malheiros “O sonho de Pedro Passos Coelho” publicado no jornal PÚBLICO em 11.Set.2012, que pode ser lido no blogue Versaletes do próprio autor (ver aqui).

domingo, 28 de abril de 2013

Calendário do Programa Comenius (UE)

No âmbito do programa Comenius, que reúne escolas de oito países europeus, foi produzido um calendário para este ano (cf. aqui)
A capa seleccionada baseia-se num objecto virtual da autoria de Teresa Martinho Marques (cf. aqui e aqui).

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Visita da "embaixada" Comenius ao Jardim de Infância do Vimeiro
(30.Janeiro.2013) guiada pela Educadora Helena Martinho

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Sempre a descer

«(…) o interesse dos portugueses no comentário de Sócrates tem vindo sempre a descer. O ex-primeiro-ministro estreou-se com 978 mil espectadores e na última semana só teve 489 mil – tornando-se no menos visto dos comentadores.» Semanário SOL, 26.Abril.2013 (p.28)

Estes resultados estão em consonância com o que foi dito aqui: Uma pessoa não muda só porque esteve dois anos em Paris, supostamente a estudar filosofia. A sua “narrativa” é uma velha e conhecida história de autojustificação do interessado. Só converte os já crentes.

quinta-feira, 25 de abril de 2013

“O dia inicial inteiro e limpo” (Sophia)

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O Adalberto (tio Berto) esteve dois anos na guerra (Guiné). 
Era de lá que enviava aerogramas aos sobrinhos (ver aqui).


Conversa entre o Pe. Alberto e a Isabel
RTP1 - Set.1979
(…) «se não tivesse havido o 25 de Abril, o meu irmão, que tem agora dezoito anos, iria para a guerra». (…)

(cf. aqui)

terça-feira, 23 de abril de 2013

quarta-feira, 17 de abril de 2013

O senhor comentador


Quando se soube que José Sócrates iria fazer comentário político na televisão pública, surgiram duas petições de sinal contrário. É compreensível a bipolarização, dado que o ex-líder do PS tem uma personalidade e um passado que despertam reacções de amor-ódio.
Na petição “Recusamos a presença de José Sócrates como comentador da RTP”, dirigida em particular aos deputados da Assembleia da República e ao presidente da RTP, os cidadãos subscritores diziam, no essencial, que José Sócrates não devia ter qualquer programa numa empresa que é paga com o dinheiro dos contribuintes, os quais estão a sofrer com o resultado da sua gestão danosa enquanto primeiro-ministro.
Por sua vez, na petição “A favor da presença de Sócrates na RTP”, dirigida à Assembleia da República, os cidadãos subscritores entendiam basicamente que o balanço da sua governação depende da avaliação de cada um e que se deve respeitar o princípio do contraditório para defesa quer das opções tomadas quer do bom nome, neste caso face aos ataques do actual Governo para encobrir o seu próprio falhanço.  
Embora inicialmente me sentisse tentado a subscrever a petição “contra”, não a assinei. É que me pareceu completamente inútil dirigi-la aos deputados da Assembleia da República. Aliás, as petições talvez nem tivessem razão de existir se quem teve a responsabilidade do convite o assumisse e explicasse oportunamente. Entretanto, o presidente da RTP já veio dizer que o programa é “serviço público” e susceptível de melhorar as audiências… Ficámos esclarecidos.   
Antecipei que o programa de José Sócrates não me iria trazer nada de novo. Isso mesmo confirmei na entrevista dada à RTP1 a 28 de Março, para o que me bastaram apenas os primeiros quinze minutos. Uma pessoa não muda só porque esteve dois anos em Paris, supostamente a estudar filosofia. A sua “narrativa” é uma velha e conhecida história de autojustificação do interessado. Só converte os já crentes.
Vem a propósito recordar uma passagem do artigo “O tempo de Sócrates acabou”, da autoria de Esther Mucznik, aparecido no PÚBLICO em 19.Maio.2011: «Muito se tem falado sobre o “prossionalismo” de Sócrates, do seu virtuosismo mediático, de conseguir falar apenas do que lhe interessa, de encostar os adversários à parede, etc., etc. Provavelmente, neste tipo de coisas, será rei. Mas é precisamente o tipo de político de que Portugal não precisa: não precisamos de quem negue e mascare a realidade em permanência, de quem escamoteie as suas responsabilidades, de quem seja um ás na culpabilização dos outros. Pode haver quem considere esta actuação como o expoente máximo da sabedoria política. Eu vejo-a como um miserável manobrismo de um homem cujo ego lhe subiu tanto à cabeça que deixou de ver o país

Nota - Texto escrito em 05.Abril.2013 para uma finalidade que não chegou a concretizar-se.

A caminho da missa do 7.º dia?

PÚBLICO / Bartoon
17.Abril.2013


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sábado, 13 de abril de 2013

Nevoeiro de Abril

Hoje a manhã acordou assim em Lisboa. 
Ai esta Primavera portuguesa que tarda tanto em chegar!...

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Corações entrelaçados

Antes de regressar a Bruxelas, a nossa neta Inês 
deixou-nos esta composição ternurenta...

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Ninho de melros no Largo do Leão...

... antes e depois de um dos pais vir alimentar os filhotes.
(Falta-me uma máquina com um zoom óptico digno desse nome, como aqui)

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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Quem porfia sempre alcança

Meu artigo publicado hoje no semanário O MIRANTE
(cf. http://www.omirante.pt/ e aqui)

Em geral os governantes não são completamente indiferentes ao que os órgãos de comunicação social dizem de certas reivindicações. Como assunto não publicado, é assunto que “não existe”, importa publicitar convictamente a causa em que se acredita.
O Laboratório Nuclear de Sacavém passou por uma situação de indefinição particularmente delicada a partir de Novembro de 1992, quando se teve conhecimento da decisão do ministro Mira Amaral de o excluir da estrutura orgânica do Ministério da Indústria e Energia. A ideia era, segundo a versão oficial, “promover o estudo da viabilidade de constituição de um consórcio com as universidades (…) para enquadrar as actividades do Laboratório que não fossem extintas”. Esta “conversa” ambígua e ameaçadora deixava no ar as maiores incertezas. 

A publicação de um artigo num jornal nacional de referência parecia uma iniciativa adequada para denunciar o risco de desmantelamento de um complexo laboratorial bem apetrechado, com prestígio científico nacional e internacional, e o único existente no país com alguma capacidade de resposta global no domínio nuclear. 
  
Com um escrito nas mãos, fui à redacção do semanário EXPRESSO. Disse ao que ia, e esclareceram-me: “Esse assunto é com o senhor Coimbra, mas ele não está. Se quiser esperar…”. Ao fim de algum tempo, chegou o tão aguardado interlocutor. Resumi-lhe o que se estava a passar com o Laboratório de Sacavém. Ele leu o que eu escrevera e disse-me: “Nós publicamos isto”. Era um bom ponto de partida… E assim, em 19 de Dezembro, o EXPRESSO publicava o texto “A nossa opção nuclear” como artigo de opinião. [Diga-se que, depois desse encontro, algumas vezes mais estive com o “senhor Coimbra” – José Henriques Coimbra (1937-2009) – a cuja memória rendo aqui homenagem.]    
Em Fevereiro de 1993, após contacto telefónico com o jornalista José Vítor Malheiros, que também não conhecia pessoalmente, o jornal PÚBLICO aderiu à causa e publicou o artigo “Investigação, visão de Estado e o futuro do ICEN”. Duas semanas antes, O MIRANTE havia publicado já o artigo “Investigação, que futuro?”, com a cumplicidade de Joaquim António Emídio.
Com a divulgação destes artigos, acreditámos que a batalha dos jornais estaria ganha, dado que fora levada à opinião pública a voz dos que estavam genuinamente preocupados com o futuro de uma instituição ímpar em Portugal.  

A defesa do Laboratório de Sacavém feita nos jornais e as diversas acções de sensibilização realizadas por colegas meus junto de personalidades do meio científico e académico, acabaram por alterar o cenário inicial de incerteza. Por fim, em Dezembro de 1994, após dois anos de indefinição, era aprovada a lei orgânica do Instituto Tecnológico e Nuclear, acertadamente mantido na íntegra e como instituição autónoma. Quem porfia...
   

terça-feira, 9 de abril de 2013

Uma roda bem rodada...

A minha neta Inês (8 anos) fazendo ginástica na praia do Meco 
fotografada pelo tio-geólogo Fernando Ornelas Marques

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domingo, 7 de abril de 2013

Há 50 anos... em Paris



Completam-se hoje precisamente 50 anos desde que estes retratos foram feitos na Place du Tertre (junto ao Sacré-Coeur), aquando da nossa estadia em Paris (cf. aqui). Clicar para ampliar.


quinta-feira, 4 de abril de 2013

Em quem se pode confiar?

Meu artigo publicado hoje no semanário O MIRANTE 
(ver http://www.omirante.pt/ e aqui)

Face ao que nos é dado observar desde há oito anos na área da Educação, compreende-se que a classe docente tenda a confiar cada vez menos nos dirigentes do Ministério. No consulado de Maria de Lurdes Rodrigues (2005-2009) começou o desatino da desconsideração dos professores e da instabilidade no sistema educativo. O desagrado atingiu o seu clímax em Março de 2008, expresso numa Marcha da Indignação que levou 100 mil professores à rua.

Quando Nuno Crato chegou ao ministério da Educação, houve pessoas que saudaram a sua nomeação, crentes de que haveria uma alteração de política e uma mudança de atitude para com os professores, dadas as críticas que o próprio tinha feito no tempo do anterior executivo. Com o passar dos meses começou a perceber-se que não havia razões para tanta expectativa.

No momento presente, com a novidade de os professores do quadro sem componente lectiva (horário zero) passarem a ser abrangidos pela mobilidade especial – com o salário reduzido a metade e despedimento ao fim de dois anos neste regime –, volta a colocar-se a questão da confiança dos professores no Ministério que os tutela. É que, ao longo de 2012, o ministro Nuno Crato garantiu repetidas vezes que tal não aconteceria. Também o secretário de Estado Casanova Almeida em Setembro, na Assembleia da República, garantiu o mesmo, mas agora veio dar o dito por não dito com uma espécie de graçola: Como a mudança de regime só se aplica no próximo ano lectivo, o compromisso foi cumprido! Salvo melhor opinião, isto é um argumento do tipo chico-esperto que não fica bem a um membro do Governo.

Esta situação – que pode atirar ainda mais professores para o desemprego – a par de outras medidas que vão no mesmo sentido (criação de monstruosos agrupamentos escolares, “rescisões amigáveis” com funcionários públicos dos escalões mais baixos, etc.), poderia ser assumida honestamente como uma “contribuição” do ministério da Educação para os cortes (as ditas poupanças…) em perspectiva. Mas não, são invocados argumentos mais ou menos ardilosos para tudo explicar em nome de objectivos que não são os reais.

The International Herald Tribune publicou em 20 de Março último um artigo de Jonathan Blitzer que, dando o mote, começa assim: «A política de Educação não é o ponto forte do Governo Português». A terminar, o jornal reproduz uma afirmação esclarecedora de um dirigente de uma escola de Lisboa: «O ministério encarregado da Educação em Portugal é, na verdade, o Ministério das Finanças». Ou seja: a troika manda, as Finanças obedecem e os da Educação executam, quais ajudantes que prescindem de convicções, entendendo porventura que a coerência não é uma bandeira de virtudes.

Ilustração: © Antero Valério

quarta-feira, 3 de abril de 2013