domingo, 29 de abril de 2018
sábado, 28 de abril de 2018
sexta-feira, 27 de abril de 2018
quarta-feira, 25 de abril de 2018
25 de Abril: havia um antes e houve um outro depois
Passar a liberdade, de geração em geração
David Dinis (PÚBLICO, 25.Abril.2018)
Ao saudoso Baptista-Bastos tenho a dizer que não estava.
Não estava no 25 de Abril de 1974, como não estava no 25 de Novembro de 1975. A
revolução chegou dois anos mais cedo do que eu, os primeiros dois anos ganhos
por Portugal numa luta que nunca acaba: a luta pela democracia, a luta pela
liberdade — o primeiro dos nossos direitos. A mim, chamam-me por isso um filho
de Abril. E aos nossos pais só podemos agradecer a herança.
Agora, o dever é nosso: continuar a liberdade como
continuamos quem a trouxe. Continuar Abril no dia-a-dia, e não só na palavra.
Cultivar Abril, sobretudo na nossa memória. É quando nos vem à memória uma
frase batida: a luta continua. Continua?
Quarenta e quatro anos depois da revolução, a luta
continua entre quem viveu o dia, como vemos ano após ano nas manifestações, nas
associações, nos partidos. Continua também entre os historiadores, também eles
pais de Abril — como Pacheco Pereira, que através da Ephemera hoje nos mostra
os cartazes dos que não desistiram de lutar.
Quarenta e quatro anos depois, a luta também continua
entre os filhos. Porque a memória dos pais está em carne viva, porque estes a
viveram na pele e nos passaram a palavra e o sentimento. Nós, os filhos, não o
vivemos. E com os netos de Abril, como será?
Imagine a Avenida da Liberdade já sem os pais, os
fundadores, os capitães. Imagine daqui a 44 anos a liberdade, que já não será
uma novidade. Celebramos?
Lembramos? Ainda a sentimos?
Infelizmente, nos dias de hoje, a pergunta já não é
retórica, como a dos discursos na Assembleia. Não nos remete apenas para a
memória, atira-nos para uma inquietação. É que, em 1974, o nosso Abril abriu as
portas do mundo à terceira vaga das democracias; agora, em Abril de 2018, há
democracias no mundo a fechar essas portas. Nestes dias, neste ano, discutimos
líderes que afrontam, guerras que assustam, fronteiras que se fecham, mensagens
que enganam, censuras que julgámos desaparecidas. Da América à Rússia, passando
até pela Europa, a democracia parece-nos em erosão. Será uma ilusão?
Se não é retórica, então é uma obrigação. A nós, os
filhos de Abril, cumpre-nos manter viva a herança. Não deixar que a Avenida
perca gente, perca alma. Não deixar de cantar a Revolução, nas palavras
tranquilas — mas determinadas — com que os militares a fizeram. A nós
cumpre-nos não deixar cair no esquecimento, nem normalizar a celebração. Se
hoje o país discute um Museu para os Descobrimentos, que tal um para a
Revolução?
terça-feira, 24 de abril de 2018
segunda-feira, 23 de abril de 2018
sábado, 21 de abril de 2018
A Inês vai a caminho do Luxemburgo
A minha neta Inês frequenta
a Escola Europeia de Bruxelas (Woluwe) e, em Dezembro, foi premiada numa
actividade escolar intitulada Science
Symposium devido à apresentação que fez (em inglês) sobre um tema de
sustentabilidade ambiental.
Agora, como recompensa, vai até ao Luxemburgo
representar a sua escola no European
Schools Science Symposium 2018. A reunião decorre entre os dias 22 e 25.
Boa sorte, Inês!
Durante a exposição e, no final, conversando com uma professora (Dez.2017).
sexta-feira, 20 de abril de 2018
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Era uma vez uma carochinha...
Uma conhecida magistrada
afirmou há tempos que Portugal não era um país de corruptos. Que dizer, então,
das revelações vindas agora a lume sobre a Operação Marquês?
Basta pesquisar “operação marquês” no Google ou no Youtube, para ver até que ponto as chamadas elites têm chafurdado na corrupção!
Basta pesquisar “operação marquês” no Google ou no Youtube, para ver até que ponto as chamadas elites têm chafurdado na corrupção!
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segunda-feira, 16 de abril de 2018
À super-Mãe e super-Avó Piedade: PARABÉNS!
ANIVERSÁRIO
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há
séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma
religião qualquer.
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,
Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,
De ser inteligente para entre a família,
E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.
Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.
Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da
vida.
Sim, o que fui de suposto a mim mesmo,
O que fui de coração e parentesco,
O que fui de serões de meia-província,
O que fui de amarem-me e eu ser menino.
O que fui — ai, meu Deus!, o que só hoje sei que fui...
A que distância!...
(Nem o acho...)
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!
O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da
casa,
Pondo grelado nas paredes...
O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme
através das minhas lágrimas),
O que eu sou hoje é terem vendido a casa.
É terem morrido todos,
É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo
frio...
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!
Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,
Por uma viagem metafísica e carnal,
Com uma dualidade de eu para mim...
Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga
nos dentes!
Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o
que há aqui...
A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na
loiça, com mais copos,
O aparador com muitas coisas — doces, frutas, o resto na
sombra debaixo do alçado —,
As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por
minha causa,
No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...
Pára, meu coração!
Não penses! Deixa o pensar na cabeça!
Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!
Hoje já não faço anos.
Duro.
Somam-se-me dias.
Serei velho quando o for.
Mais nada.
Raiva de não ter trazido o passado roubado na
algibeira!...
O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...
Álvaro de Campos
domingo, 15 de abril de 2018
Evolução, de muito grande a muito pequeno
O que é um computador?
Karla Pequenino (PÚBLICO, 15 de Abril de 2018)
A resposta não é assim tão
fácil — em menos de dois séculos, os computadores passaram de uma palavra que
define humanos, a pequenas máquinas que se podem levar no bolso. Parece ficção
científica, mas é história. E a Apple lembra as pessoas que está longe de
acabar.
“Mas o que é um
computador?”, remata a jovem protagonista de um anúncio da marca ao deslizar os
dedos por um tablet quando uma vizinha pergunta o que está a fazer com o
aparelho no jardim. Nas redes sociais, o debate sobre a pergunta dura desde que
o anúncio surgiu, no final de 2017. Antes, a rapariga já tinha trepado árvores
com o tablet, teclado o trabalho de casa e enviado fotografias à mãe. A ideia
que a marca tenta passar é que nunca o abandonou durante o dia inteiro. Para os
mais críticos, a Apple está a ser “pomposa” ao insinuar que as crianças não
vêem um tablet como um computador, mas a história mostra que o significado de
“computador” está a mudar desde que surgiu.
Desde o final do século XIX
que os humanos dependem de computadores para fazer cálculos e resolver os
mistérios do universo. Na altura, porém, a palavra “computador” não vinha com
um monitor, processador e teclado anexado. Era o título dado às mulheres —
pouco lembradas — que processavam dados manualmente e mapeavam estrelas para a
NASA criar novas cartografias do universo.
Com o passar dos anos,
foram-se desenvolvendo máquinas enormes cada vez mais complexas que as
substituíram na função, mas o termo só ganhou fama na década de 1970, quando
empresas como a Apple, a IBM e a Microsoft desenvolveram a ideia de um
“computador pessoal” para ter na secretária. Foi a última, com a missão de pôr
um “em cada casa”, que ganhou a batalha e tornou o Windows o sistema operativo
dominante, cimentando a ideia daquilo que as pessoas vêem como um computador.
Mas, décadas mais tarde, a definição volta a mudar.
Hoje, o aparelho de
computação mais popular é o smartphone, que muitos levam no bolso. Serve para
quase tudo: de passar as barreiras no aeroporto com um bilhete electrónico a
acordar a horas. Já é (desde 2016) o aparelho mais utilizado para navegar na Internet
e dados de 2017 da Delloite mostram que 78% dos consumidores em países
desenvolvidos olham para o smartphone menos de uma hora depois de acordar. Para
alguns, é menos. Em Dormir com o amigo e inimigo, um estudo publicado este ano
na revista científica Computers in Human Behavior, os autores argumentam que a
“prevalência de smartphones a baixo custo” torna impossível deixar o aparelho
na hora de dormir.
No extremo, a situação cria
aquilo a que os investigadores chamam “tecnostress”: agitação induzida pelo
excesso de informação dada pelos computadores modernos, permanentemente
ligados. Instabilidade emocional e pouca qualidade de sono estão entre as
consequências comuns, mas deixar a tecnologia não faz sempre parte da solução.
Há empresas, como a holandesa Somnox, a desenvolver almofadas especiais,
programadas via smartphone, que copiam o respirar humano para embalar
adultos.
Com os aparelhos cada vez
mais próximos, há quem os veja a fazer, novamente, parte da definição de
humano. Uma equipa do MIT, liderada por Canan Dagdeviren, está a testar a
possibilidade de transmitir energia gerada pelo corpo para pequenos
computadores. É algo que vê a ocorrer nos próximos dez anos. A prioridade é
gerar energia para pacemakers, mas estes aparelhos também devem enviar
informação sobre o corpo, via wifi, aos pequenos computadores que temos no
bolso.
Independentemente da
definição de “computador”, é cada vez mais difícil viver sem os avistar: caso
contrário, o anúncio da Apple não teria causado tanta indignação.
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