Imagine o leitor
que é dono de uma empresa e que pretende preencher um dado posto de trabalho. Que
faz? Certamente recruta alguém que lhe ofereça garantias de competência na
execução das tarefas a desempenhar.
No caso de uma
instituição pública, a situação é por natureza diferente. Então é aberto um
concurso, o que significa que é posto em prática um conjunto de procedimentos
administrativos, segundo regras e critérios bem definidos, de modo a poder
seleccionar, de entre os candidatos, o melhor.
Se se tratar de
uma Universidade digna desse nome, o objectivo maior, essencial, é o
recrutamento do candidato que ofereça maior garantia de ser o melhor
professor e investigador. É de acordo com esta lógica que as coisas se passam
nas melhores universidades.
Por que razão a
Universidade portuguesa não ocupa um lugar cimeiro no ranking internacional das
universidades (uma posição, por hipótese, entre os primeiros 100 ou 200
lugares)? Será que não há gente de excelente qualidade? Será a questão do
financiamento? Haverá decerto várias razões para explicar a modesta posição das
nossas universidades, mas há uma que é condenável e injustificável: é o compadrio
entre pares, que leva demasiadas vezes a preterir os melhores, em favor dos
mais benquistos.
Embora saiba de
outros casos, há um que conheço bem. Passou-se num Departamento de uma
Faculdade da Universidade de Lisboa, onde foi aberto concurso para um lugar de
professor catedrático na especialidade científica E (caracterizemo-la assim). Refira-se que nenhum dos membros do
júri era desta especialidade, o que não deixa de ser bizarro.
Concorreram dois
candidatos, X e Y, ambos docentes no referido Departamento. O facto de haver apenas
dois candidatos também é bizarro, porque o concurso era a nível nacional e internacional,
e um posto de professor catedrático é sempre muito apetecido. Mas, como o aviso
de abertura do concurso foi publicado em plenas férias de Verão (Agosto.2011), não
parece abusivo supor que a ideia seria mesmo limitar a concorrência…
Dos dois
candidatos, X era inquestionavelmente
da especialidade em que foi aberto o concurso. Visto à luz de critérios
internacionais, o curriculum vitae de X
confere-lhe o direito de se considerar o português mais credenciado na
especialidade E. A candidatura de X teve o apoio firme de sete renomados cientistas
de Universidades estrangeiras de topo, como por exemplo o ETH de Zurique
(posição 13 a nível mundial).
Foi nestas
circunstâncias que o júri se permitiu reprovar o candidato X em mérito absoluto (!), para deixar o caminho livre à candidata Y (colaboradora do membro do júri que
escolheu o júri).
Pobre País este…
que tão fraca gente tem em lugares de responsabilidade.
PS – Se o leitor quiser conhecer os detalhes deste lamentável
caso, consulte o blogue Tempo de Recordar (“entrada” de 07.Julho.2012) – ver aqui.
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