O-despotismo-da-translucidez
Filinto Lima, PÚBLICO-28.Dez.2015
Prestação de contas, rankings, metas, objectivos são
alguns dos vocábulos que invadiram as escolas e com os quais os professores têm
de trabalhar, em nome da transparência que oprime, esmaga e deteriora a prática
ou desempenho docente.
Os professores dos dias de hoje vivem afundados numa
gigantesca teia burocrática, rodeados de papelada (agora também de
plataformas…), que desvirtua o seu verdadeiro trabalho, em nome da
translucidez.
[…] diariamente os professores trabalham mais do que são
obrigados e do que qualquer relatório ou fotografia possa documentar: tiram
dúvidas aos alunos e atendem encarregados de educação fora do horário,
trabalham em casa e na escola muito para além das 40h semanais, ouvem os alunos
e aconselham-nos em relação a problemas pessoais, participam em múltiplas
reuniões, resolvem problemas que não lhes competem… Alguma avaliação externa ou
inspecção valoriza o trabalho oculto dos professores? Algum governo enaltece
aquilo que fazem, muito para além da sua obrigação, e ninguém vê?