Registo aqui os passos essenciais que conduziram à formação da Sociedade Portuguesa de Física (SPF). Participei activamente nesse trabalho, enquanto membro da Comissão SPF (também designada por Comissão pró-SPF e Comissão organizadora da SPF), desde o início de 1971 até 25 de Janeiro de 1975, data em que se reuniu pela primeira vez a Assembleia Geral da SPF.
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Relato da Comissão SPF apresentado na 1.ª Assembleia Geral da SPF
1. Na sessão de 15.Fevereiro.1971 do Núcleo de Física de Lisboa da Sociedade Portuguesa de Química e Física (SPQF), foi decidido, por unanimidade, criar uma comissão destinada a efectuar um inquérito tendo em vista auscultar a opinião dos físicos portugueses (sócios ou não da SPQF) relativamente ao interesse com que veriam:
a) A criação de uma Sociedade Portuguesa de Física; ou
b) O fortalecimento dos Núcleos de Física da SPQF.
2. Em face dos resultados do inquérito referido (155 respostas recebidas até 12.Março.1971 das quais 130 favoráveis à criação de uma SPF), o Núcleo de Física de Lisboa decidiu, em 19.Março.1971:
a) Pedir a convocação da Assembleia Geral da SPQF para se pronunciar sobre a cisão da Sociedade em duas outras (a de Física e a de Química);
b) Continuar o inquérito (2.ª fase).
3. O pedido de convocação da Assembleia Geral de SPQF foi feito em 19.Abril.1971 ao abrigo do § único do Art.º 16.º dos Estatutos da SPQF (requerimento de 20 sócios). A Assembleia foi convocada, em 24.Maio.1971, para reunir a 04.Junho.1971 com a seguinte ordem de trabalhos:
a) Apreciar os resultados do inquérito realizado pelo Núcleo de Física de Lisboa da SPQF;
b) Discutir e eventualmente aprovar a cisão da SPQF em duas sociedades, a SPF e a SPQ.
4. À hora a que deveria reunir a Assembleia Geral em 2.ª convocação, verificava-se a ausência do Presidente da Mesa, Prof. Dr. António Jorge Andrade de Gouveia, estando presentes o 1.º e o 2.º Secretários da mesma Mesa. O 1.º Secretário, Prof. Dr. Alberto Ralha, que, nos termos do Estatuto, deveria assumir a Presidência da Mesa, deu a conhecer a impossibilidade de a AG reunir visto não ter sido cumprido o disposto no Art.º 18.º dos Estatutos (convocação com 15 dias de antecedência).
5. A 13.Julho.1971 reuniu finalmente, no anfiteatro de Química da Faculdade de Ciências de Lisboa, a Assembleia Geral extraordinária da SPQF, na qual, foi decidida por unanimidade "a cisão da SPQF em duas sociedades: a SPQ e a SPF". Foi também decidido que:
a) A SPQF fosse convertida na SPQ;
b) As acções dos químicos para converter a SPQF em SPQ e dos físicos para criar a SPF fossem desenvolvidas simultaneamente;
c) Os projectos de estatutos das futuras Sociedades fossem obtidos por simples adaptação dos Estatutos da SPQF.
Da execução das decisões da AG foram encarregados o secretário-geral da SPQF, Professor Doutor Kurt Jakobson, e os membros da "comissão organizadora da SPF" constituída com base na comissão que realizara o inquérito aos físicos portugueses:
Augusto Barroso (FCiências-UL)
Eduardo Martinho (JENuclear)
Filipe Duarte Santos (JENuclear)
Jaime da Costa Oliveira (JENuclear)
João Maia de Quininha (FCiências-UL).
7. Em 27.Março.1972, foram enviados a cada um dos interessados na criação da SPF (num total de 205, segundo os resultados do inquérito obtidos até 31.Maio.1971) uma cópia do projecto dos Estudos da SPF e um boletim de inscrição de sócio fundador da Sociedade. Em 02.Junho.1972 enviou-se novo boletim de inscrição aos colegas que não responderam à missiva de 27.Março.1972.
8. O requerimento de constituição da SPF (juntamente com o projecto de Estatutos) e o pedido de autorização para mudar a designação da SPQF em SPQ foram entregues na Direcção-Geral dos Assuntos Culturais do ex-Ministério da Educação Nacional em 26.Maio.1973.
9. A constituição da SPF foi autorizada por despacho do Secretário de Estado da Instrução e Cultura de 30.Outubro.1973, tendo os respectivos estatutos sido aprovados, após introdução de algumas alterações sugeridas pelo ex-MEN em relação ao projecto inicial.
10. A escritura de constituição da Sociedade foi celebrada no 10.º cartório notarial de Lisboa em 19.Abril.1974.
Sócios fundadores que constam da escritura notarial:
– Cândido Marciano da Silva
– Cândido Marciano da Silva
– João Tavares Maia de Quininha
– António Manuel Patrício
Comprido
– Eduardo João Cardoso Martinho
– Eduardo João Cardoso Martinho
– Jaime Manuel da Costa Oliveira
– Rui Manuel Vassalo Namorado Rosa
– Frederico José da Silva da Gama Carvalho
– Maria da Conceição Abreu e Silva
– Filipe Duarte Branco da Silva Santos
11. Durante o mês de Novembro de 1974, a Comissão Organizadora da SPF recebeu uma única lista de candidatos para os seguintes cargos: mesa da assembleia geral, secretário-geral, secretário-geral adjunto, tesoureiro e conselho fiscal.
a) Relato de actividade da Comissão SPF;
b) Eleição da mesa da assembleia geral da SPF, do secretário-geral, do secretário-geral adjunto, do tesoureiro e do conselho fiscal;
c) Comunicações livres;
d) Linhas de acção futuras.
Os 222 sócios fundadores vão, por certo, proporcionar aos órgãos directivos da SPF o apoio indispensável para que possam conduzir os destinos da Sociedade no sentido do progresso do ensino, da investigação e das aplicações da Física em Portugal e realizar um intercâmbio eficiente entre os físicos nacionais e estrangeiros.
São os últimos votos da
Comissão SPF
Para memória futura, assinale-se que na acta da referida Assembleia Geral consta o seguinte:
António Manuel Baptista propôs um voto de louvor à Comissão pró-SPF pela boa conclusão dos seus trabalhos e pelo interesse e dedicação dos seus membros. Este voto de louvor foi aprovado por aclamação.
São os últimos votos da
Comissão SPF
António Manuel Baptista propôs um voto de louvor à Comissão pró-SPF pela boa conclusão dos seus trabalhos e pelo interesse e dedicação dos seus membros. Este voto de louvor foi aprovado por aclamação.
Nota final
Para o sucesso dos primeiros passos que conduziram
à formação da Sociedade Portuguesa de Física, nomeadamente entre 1971 e 1975, muito contribuiu o apoio
logístico proporcionado pelo Laboratório de Física e Engenharia Nucleares
(Sacavém), instituição a que é devido um agradecimento especial na pessoa do
seu director-geral, doutor Carlos Cacho, que apoiou incondicionalmente o trabalho da
Comissão SPF.
Três anos depois da 1.ª Assembleia Geral da SPF realizou-se a primeira grande reunião de
Físicos em Portugal, que decorreu nas instalações da Fundação Calouste Gulbenkian.
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