Tomo emprestadas as palavras de Martin Luther King que as
tomou também de Thomas Jeferson. Eu tenho um sonho que num futuro ainda que
distante, os seres humanos prescindam da religião. Não quero ver proibida a
religião porque sabe-se quais são as consequências. Gostaria apenas que a
humanidade considerasse que grande parte dos imensos problemas nas sociedades
seriam atenuados com a demolição das mesquitas, igrejas e sinagogas.
Simultaneamente acabariam as catequeses e madrassas onde as mentes são
inquinadas com falsos valores que integram as superstições e os mitos.
Afinal quem quiser orar pode fazê-lo em sua casa e em paz
consigo próprio. Se a oração é um acto intimo com qualquer deus porquê fazê-lo
colectivamente. A oração a solo não tem o mesmo valor do que em coro? É nas
aglomerações que as pessoas são manipuladas por gente sem escrúpulos e que
levam, como levaram, a uma das maiores crueldades cometidas pela humanidade: as
cruzadas (que não diferem muito do Daesh).
Costumo ouvir a desculpa “eram outros tempos” mas a
capacidade criminosa do ser humano é intemporal! E o que ensinar às crianças em
vez das superstições religiosas? O valor da solidariedade, a piedade, a
amizade, explicar que a morte é tão inevitável como a vida. Melhorar o carácter
e não dar valor ao negócio privado que cada um faz com o seu deus. Isto é, de
facto, uma utopia mas o ser humano, mesmo tendo avançado pouco, só o fez
apoiado em utopias.
Fernando
Guedes
in Cartas ao Director (Público, 22.Agosto.2017)
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