Teresa de Sousa (Público, 27.Ago.2017)
(...) Mas fica uma vaga sensação de que o comportamento do Presidente americano acaba de ultrapassar um novo limite, que se pode revelar explosivo. Até agora, o que estava em causa era, essencialmente, a sua incapacidade para definir um rumo para a política externa: da Rússia à China, passando pela Coreia do Norte, pelos aliados europeus, pelas escolhas no Médio Oriente, pelos tratados de comércio rasgados ou em vias de o ser. A partir de agora, há um dado novo a juntar à equação, já de si complicada: as suas declarações sobre os acontecimentos de Charlottesville, onde uma manifestação de supremacistas brancos, alguns exibindo os símbolos nazis, outros os do KKK, que acabaram em violência e com a morte de uma jovem que participava numa contra-manifestação contra o racismo. Trump desvalorizou a manifestação dos supremacistas, considerando que havia “boa gente” entre os nazis e os saudosistas do KKK e responsabilizando ambos os lados pela violência. Desta vez, houve qualquer coisa que levou ao distanciamento e ao repúdio, mesmo daqueles que estavam dispostos a aceitá-lo na Casa Branca, incluindo muitos republicanos no Congresso e alguns chefes da grande indústria americana. A novidade é a generalização da ideia de que Trump não tem, pura e simplesmente, as características mínimas indispensáveis para ocupar o cargo de Presidente do país mais poderoso do mundo. (...)
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