José Vítor Malheiros
[...] A actual discussão teve um mérito. Provou uma das
razões por que o Estado deve manter uma rede escolar pública, onde se ministra
um ensino que não segue “quaisquer directrizes filosóficas, estéticas,
políticas, ideológicas ou religiosas” que não sejam o primado dos direitos
humanos e da lei, em vez de, por exemplo, subcontratar escolas privadas para o
fazer. É que as escolas privadas, que têm todo o direito de ser ideológicas ou
confessionais, para além da selecção de alunos que praticam têm uma enorme
dificuldade em manter a neutralidade que se exige à República. E isso viu-se
neste confronto, onde não só pais mas também directores e professores das
escolas privadas instrumentalizaram os alunos menores em defesa das suas
posições ideológicas e dos seus interesses privados, numa demonstração rara de
falta de escrúpulos.
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