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Editorial (Público, 05.Maio.2016)
[...] Há problemas, muitos, na mesa: o problema legal
(que tem vindo a ser apontado por juristas), o problema técnico (o AO tem erros
crassos que até os seus apoiantes reconhecem, sem que tenham mexido um dedo
para os corrigir nestes anos), o problema internacional (só Portugal e o Brasil
o aplicam, de facto, e parcialmente; os restantes países, ou fingem aplicá-lo,
ou o ignoram por mil e uma razões: desmotivação, falta de meios, oposição
aberta ou velada), o problema dos objectivos não cumpridos (unificação da
grafia, inexistente; ou o mercado “comum” de edições únicas, uma quimera já
comprovada pela prática) e o problema, esse bem mais grave, do ensino: estão a
ser ensinadas coisas às crianças que era suposto já terem sido emendadas e não
o foram. “Pior do que isto era não ter acordo algum”, dizem os defensores do
AO90. Não. Pior é ter este acordo e ter de suportá-lo como cruz de um
calvário que alguém reservou só para nós, mesmo sem qualquer razão válida que o
sustente.
Maria do Carmo Vieira
[...] Invocando de novo, Senhor Ministro, a sua qualidade
de investigador, exigente e rigoroso, porque assim se caracteriza toda a
investigação, concordará decerto que a Nota Explicativa do AO de 90 carece
precisamente de exigência e de rigor, havendo ainda a notar casos anedóticos na
sua redacção. O caos na ortografia da língua portuguesa está patente em todo o
lado, indo-se para além do que se quis impor, como poderá verificar na frase
que transcrevo “[…]. A nossa Saudade é, de fato, única, […]” (in
programa de “Música Sem Fronteiras”), um entre milhares de exemplos que
diariamente encontramos. [...]
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