terça-feira, 8 de novembro de 2011

Bebés mercadoria


No tempo em que fomos meninos, os nossos direitos não constituíam versão escrita para ponderar e cumprir. Os nossos pais deixavam simplesmente que o coração os guiasse e se as coisas corriam menos bem, podemos atribui-lo a carências materiais porque foram tempos de grandes dificuldades para muita gente. Certo é que eles conseguiram criar ambientes de segurança e respeito por nós, enquanto seres dependentes e em formação.

E agora como é? Apercebo-me há muito tempo através do que ouço, leio ou vejo, da pouca "atenção" que muitos educadores prestam aos direitos dos mais pequenos. Tornou-se habitual observar crianças dormindo nos cafés e restaurantes, em casa dos amigos até que os pais decidam regressar, nas ruas pela noite dentro e até frequentadores de ambientes ditos só para adultos. Quem é hoje capaz de recusar uma festa e ficar de guarda aos filhos? Uma amiga conta-me que um familiar, após ter saído da clínica onde nasceu o seu bébé, foi de imediato ao "Continente" fazer compras! E soube de um casal, ela médica de profissão, que não se priva de ir à discoteca e transporta o bébé debaixo do braço, tapado com um casaco!

Não começarão desta maneira desastrosa e louca os grandes problemas de instabilidade dos quais pais e professores se queixarão no futuro que é já hoje?


Texto de Maria da Piedade Pinheiro Martinho
publicado no jornal O MIRANTE, Outubro.1990

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