Rómulo de Carvalho (1906-1997)
Amostra sem valor
Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;
com ele se entretém
e se julga intangível.
Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,
que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
não pesa num total que tende para infinito.
Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.
António Gedeão
in Máquina de Fogo, 1961
Cf. http://dererummundi.blogspot.com/2011/11/o-prof-romulo-e-o-seu-amigo-poeta-com.html
Cf. http://dererummundi.blogspot.com/2011/11/o-prof-romulo-e-o-seu-amigo-poeta-com.html
Sem comentários:
Enviar um comentário