segunda-feira, 30 de maio de 2011

Sob o toldo...

Santa Cruz (vista do lado Norte) com Penedo do Guincho ao fundo

Areia remexida, Mar sereno e Céu pintalgado

terça-feira, 24 de maio de 2011

10.º aniversário de uma descoberta científica feita no Laboratório Nuclear de Sacavém

Completam-se agora 10 anos desde que foi publicado o primeiro de um conjunto de trabalhos científicos realizados no Laboratório Nuclear de Sacavém (http://www.itn.pt/) que acabariam por conduzir a uma descoberta relevante no âmbito da Física de Neutrões e da Física de Reactores Nucleares (como o Reactor Português de Investigação) (http://edmartinho.wordpress.com/2010/04/22/uma-inesperada-curva-universal).

Cientistas de vários países (mais de duas dezenas, até agora) e de instituições nacionais e internacionais têm vindo a citar esses trabalhos em artigos referentes a diversos domínios, nomeadamente metrologia de radiações de reactores nucleares, determinação de parâmetros nucleares (secções eficazes e integrais de ressonância), análise por activação com neutrões, produção de radioisótopos para aplicações médicas.

Legenda da figura: Imaginemos uma folha fina de ouro, por exemplo, imersa num campo de neutrões de um reactor nuclear. A depressão do fluxo de neutrões dentro da amostra (linha a vermelho) é uma consequência do fenómeno designado por autoprotecção neutrónica (neutron self-shielding, em inglês); a linha a verde representa o fluxo de neutrões (constante) na ausência da amostra. Os trabalhos realizados no Laboratório Nuclear Sacavém tiveram por objectivo quantificar a perturbação do fluxo de neutrões induzida pela amostra.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Que exagero, Dona Heloisa !


«O voto no PS, no PSD e no CDS é o voto Fukushima, porque é um voto que a qualquer momento pode explodir sobre o povo português (...)»

Heloisa Apolónia dixit num comício da CDU, Lisboa, 22.Maio.2011

Foto: http://www.abola.pt/

domingo, 22 de maio de 2011

Tide não lava mais branco

Continuação de Era uma vez um Tabu: http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.com/2011/05/era-uma-vez-um-tabu.html

Um dos métodos científicos utilizados para conhecer as características de um sistema - seja um simples átomo ou uma complexa obra de engenharia - consiste em “interrogar” o sistema, excitando-o, e analisar a sua resposta. Com os indivíduos passa-se algo de semelhante. É sabido que a conversa “mole” nada esclarece sobre quem o interlocutor realmente é. Pelo contrário, se essa pessoa estiver (bem) excitada - para o que poderá ser intencionalmente provocada - então ela revelar-se-á na sua verdadeira dimensão.
O que se passa na Lusitânia mostra que aquele método também funciona a nível do PSD, o partido do ainda grão-vizir Cavacus. Bastou ele anunciar a sua próxima retirada de funções: a excitação foi tanta que ficou (quase) tudo à mostra. A ponto de já se dizer: «Afinal, Cavacus e o cavacusismo eram um enormebluff”!»
De facto, pensávamos nós que tudo estava bem no vizirado, que Cavacus era reconhecidamente o Maior, que o grão-vizir tinha a solidariedade e o respeito dos vizires, que não havia negócios reprováveis misturados com política, e outras coisas mais, mas parece que não era (não é) bem assim. De repente, excitado que foi o sistema, começaram a surgir críticas veladas, acusações implícitas, enfim, indicações preocupantes sobre a qualidade da herança do governo do grão-vizir, no bom velho estilo “Eu não tive nada a ver com isso!” - que condiz, aliás, com a designação do partido (Partido dos Senhores Desculpabilizados).
Uma constatação chocante, para um modesto cronista ribatejano, é que se deixou praticamente de ouvir falar de Cavacus, considerado o Grande Timoneiro durante dez anos, e à sombra do qual tantos medraram e se fizeram alguém na política (e não só, aparentemente). De um dia para o outro, o grão-vizir desapareceu de circulação, não interessa, é como se não existisse. E o governo, ainda existe?
Para o lugar de grão-vizir, perfilaram-se três candidatos. Dois deles são de maior peso, dizem os entendidos, decerto por terem tido grandes responsabilidades ao longo do consulado de Cavacus: o vice-grão-vizir, desde logo, e o vizir encarregado das relações externas do sultanado. Os restantes vizires, também eles excitados, começaram de imediato a dar palpites: “Nogueiraz ao leme!”, exclamavam uns; Barrosus ao poder!”, contrapunham outros. Isto apesar das orientações do grão-vizir: “Meus senhores, tenham calma, façam como eu, não se pronunciem sobre a sucessão”. Mas, agora, os vizires já se permitem desrespeitar os conselhos do chefe...
Nogueiraz, apesar de braço direito de Cavacus, não esteve com meias medidas. Ele, que parecia tão humilde, tão sempre em sintonia com o grão-vizir, agora acha que é o Máximo. E diz mesmo que vai inovar, fazer diferente - para melhor, imagina-se - corrigindo o que (afinal) estava mal: “Quem me quiser seguir, tem de optar entre fazer política ou ganhar dinheiro!” E, tão entusiasmado anda com o resultado da contagem das armas (talvez por ser o vizir da Defesa), que já anunciou que o seu inimigo não é o Lopis, nem tão-pouco o Barrosus, mas sim o Guterris. Veremos.
Quanto ao vizir Barrosus - maldosamente apontado por alguns como o braço esquerdo de Cavacus - também não se fez rogado. Na apresentação da sua candidatura ao lugar de grão-vizir, distanciou-se do “antigamente”, mas com mais argúcia. A governação passada? Sim, MAS... É isso: um grande “mas”, com reticências e tudo. E, como não brinca em serviço, já foi anunciando que não se importa de ser o “número dois” de Nogueiraz. Quer dizer: aposta nos dois cavalos.
Continue atento, leitor. Estamos a poucos dias da Reunião Magna do PSD. É provável que as cenas branqueadoras dos próximos capítulos sejam também a não perder.

Crónica publicada no jornal O MIRANTE em 14.Fevereiro.1995

sexta-feira, 20 de maio de 2011

"O tempo de Sócrates acabou", de Esther Mucznik

«(...) Muito se tem falado sobre o “profissionalismo” de Sócrates, do seu virtuosismo mediático, de conseguir falar apenas do que lhe interessa, de encostar os adversários à parede, etc., etc. Provavelmente, neste tipo de coisas, será rei. Mas é precisamente o tipo de político de que Portugal não precisa: não precisamos de quem negue e mascare a realidade em permanência, de quem escamoteie as suas responsabilidades, de quem seja um ás na culpabilização dos outros. Pode haver quem considere esta actuação como o expoente máximo da sabedoria política. Eu vejo-a como um miserável manobrisrno de um homem cujo ego lhe subiu tanto à cabeça que deixou de ver o país. (...)»

In artigo de Esther Mucznik, O tempo de Sócrates acabou, PÚBLICO – 19.Maio.2011
Foto: http://alpendredalua.blogspot.com/

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Parabéns HUGO!

O meu neto Hugo Martinho Chaves (nasceu e vive em Bruxelas) completa hoje 9 anos, mas já teve 5 meses... e eu podia com ele ao colo... Pensamos em ti e na Inês. Parabéns!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Quem insultou quem?

Foi José Sócrates quem insultou a inteligência das pessoas quando lançou a profunda vigarice das Novas Oportunidades. Trabalhei nisso como formador - por muito pouco tempo - e posso testemunhar que é a aldrabice mais escandalosa de todos os tempos em matéria de educação em Portugal. Até o meu gato tinha o 12.º ano, se quisesse.

Comentário online de Gil Fonseca, PÚBLICO - 18.Maio.2011

domingo, 15 de maio de 2011

Os Pássaros

Bruxelas - Agosto
Frio em Bruxelas, apesar de ser Agosto. Mas a temperatura hoje não me afecta. Tenho na mão um papel que situa na cidade as melhores livrarias para a infância e esta é uma daquelas manhãs deliciosas de ir em busca de surpresas literárias. Caminho sobre nuvens e vou retirando e folheando inúmeras obras. E há um livro que me escolhe. Sim, é essa a sensação. Acontece raramente… A última vez tinha sido há cerca de vinte anos em Lisboa, quando descobri, emocionada, “A árvore generosa” de Shell Silverstein em edição brasileira, obra que na altura era praticamente desconhecida em Portugal. Desta vez trago junto ao coração “Les oiseaux” de Germano Zullo e Albertine, uma dupla de criadores suíços. Ele escritor e poeta. Ela artista plástica. “Os pássaros”… uma pérola…

Vimeiro - Outubro – O início do percurso
Está decidido. “Les oiseaux” será a estrela do nosso Natal. Não terá nada a ver com a época mas, no entanto, tem tudo! O seu texto é poesia pura para uma viagem de reflexão sobre o que é “essencial”.

Há dias que são diferentes. Poderíamos crer que se trata apenas de mais um dia igual aos outros. No entanto há dias que contêm qualquer coisa a mais do que os outros. Nada de muito evidente. Um pequeno detalhe. Minúsculo. A maior parte das vezes nem nos damos conta desse pequeno detalhe. Porque os pequenos detalhes não são feitos para que reparemos neles. São feitos para serem descobertos. E quando nos damos tempo para os procurar… os pequenos detalhes aparecem… aqui ou ali… minúsculos… mas de repente de tal modo presentes que se tornam enormes. Os pequenos detalhes são tesouros. Verdadeiros tesouros. Não existem mesmo maiores tesouros do que os pequenos detalhes. Um apenas desses pequenos detalhes é suficiente para enriquecer o momento que passa. Um só desses pequenos detalhes chega para mudar o mundo.
Germano Zullo

Longa será a viagem
O percurso iniciou-se com a apresentação individual do livro a cada criança. Da descodificação das imagens resultaram 15 histórias distintas marcadas pela sensibilidade poética, imaginação e personalidade de cada uma delas. Com base nessa multiplicidade de recontos, escolhendo uma passagem de uma criança, de outra e de outra… compus uma história “colectiva”. Digitalizadas as imagens, foi feito um powerpoint que apresentei ao grupo já com a história de conjunto.

HISTÓRIA COLECTIVA
Era um deserto. Veio uma carrinha no caminho e vinha muito apressada. A carrinha de repente parou porque ali o caminho ia dar a uma rocha muito alta. E lá em baixo era o rio. O homem abriu a porta e saiu. Depois abriu a caixa do carro e viu se estava lá alguma coisa. E saiu de lá um pássaro! E depois daquele pássaro saíram muitos pássaros!... E voaram todos para o sul para um país mais quente… e o homem ficou a olhar para eles. Depois voltou à carrinha para ver se tinha lá mais algum pássaro. E ficou espantado. O homem pensava que a camioneta estava vazia, mas não… Estava ainda um pássaro escondido. Era um passarinho bebé. Ele indicou àquele pássaro o caminho por onde os outros pássaros tinham ido.. E disse: “Olá! Voa até aos teus amigos!” E mostrou como se faz para voar. “Olha, voa assim…”. Mas ele não sabia voar. “Eu não sei voar…”, e o senhor disse: “Eu também não…” Depois ele pensou: o melhor é eu tratar deste pássaro enquanto ele não cresce e depois indico-lhe outra vez o caminho… E ficaram os dois a descansar ao pé do rio. O homem ficou sentado a olhar para o passarinho. O passarinho estava a tentar dizer-lhe uma coisa: que ele não conseguia voar porque era bebé… e ficaram ali algum tempo… O homem tinha uma sandes no bolso. Ele partiu ao meio e ficou com duas, para dar migalhinhas ao pássaro… e ele ficou feliz por ter comida. E comeram os dois. Quando o pássaro já tinha crescido um bocadinho… o homem indicou outra vez o caminho. O homem fez montes de alegrias para ele. Ele fez como se estivesse a voar para o pássaro perceber que devia voar… mas perdeu o balanço e caiu. O pássaro conseguiu voar… aos poucos… e parou em cima da cara do homem. Ele aprendeu num instante… aprendeu aprendendo!... E voou sozinho assim sem ninguém o levar ao colo… Mas sentiu imensa falta do senhor… e foi para o pé dos outros pássaros. A carrinha ficou vazia e o senhor ficou lá muito tempo a olhar para o céu… depois enfiou-se na carrinha, fechou a porta, voltou para trás e subiu o caminho.
Mas o pássaro foi atrás do homem e ele não estava a ver. Veio a voar… a voar… a voar… e toda a família voou atrás do homem porque todos gostavam dele porque ele é que os tinha libertado. O senhor parou a camioneta... Eles não disseram olá nem bom dia e levaram o homem a voar… a voar… Queriam levá-lo para o seu ninho! O homem percebeu que aquela ideia era do pássaro pequenino porque ele gostava muito do homem. E depois o homem começou a voar como os pássaros porque ele percebeu que era só bater as mãos levezinho e deixar que o vento passasse por elas. Ele aproveitou o vento e deslizou melhor no ar. E o passarinho ia na sua cabeça.
E como é que é a cara dele agora? É cara de quê??? … de feliz!


Novembro – As visões de cada um…
Envolvidas no espírito da história, as crianças foram desafiadas a representar em modelagem, sobre uma placa de madeira, os elementos principais da história: o homem, a carrinha e o pássaro pequeno. Modelar… colar… pintar… envernizar… Quinze imagens para uma história. Estas serão as prendas de Natal para os pais. Como céu azul surgirá, na vertical, o texto de cada criança e no verso o texto de Germano Zullo. Esta prenda simbólica pretende manter na memória da família o momento da Festa de Natal e também a sua mensagem para a vida de cada um.
Em seguida foram algumas horas a ouvir e seleccionar músicas para criar uma montagem musical para a sequência da história e respectiva animação pelas crianças. Sons exóticos de marimba tocados por She-e-Wu, acordes clássicos de Bartok, inesperadas e poéticas melodias de Pascal Comelade e tantos outros foram alinhados e gravados criando a “história musical” de “os pássaros”. Esta montagem foi depois apresentada ao grupo ao mesmo tempo que se revia o livro, agora colectivamente. Pareceu ser estimulante... porque foi difícil evitar que imediatamente se levantassem e passassem ao movimento.

Dezembro – A animação…
As sessões de psicomotricidade que fazemos no salão da Associação Cultural e Recreativa do Vimeiro passaram a ser de exploração do movimento relacionado com a acção da história e, progressivamente, de ensaio da animação multimédia para a Festa. Esta será um misto de dramatização mimada e jogo de sombras (utilizando uma tela branca gigante que cruzará a sala) com a projecção do powerpoint acompanhado da música e narração do texto colectivo. Num segundo momento, as imagens passarão de novo mas desta vez já sem animação e com a leitura do texto original de Germano Zullo.
Precisamos de uma carrinha vermelha! E ela nasce de caixotes de papelão, jornal, cola, tinta, verniz e papel autocolante… Precisamos de bicos e asas para os muitos pássaros que voarão em sombras por detrás da tela. As mães e avós atarefam-se a cortar e coser asas. Os bicos são feitos em cartolina.


Mas… e a prenda para os meninos?
Em reunião de pais coloca-se a questão: e a prenda para eles? Felizmente a criatividade de uma mãe sugere um “mimo” que faz todo o sentido neste percurso: a construção de fantoches de dedo. Fantoches – pássaros, claro! A adesão é espontânea. Fica logo marcada uma sessão de atelier de costura no Jardim num fim de tarde da semana seguinte. Com feltro colorido, linhas, olhinhos de compra e cola, iniciou-se a confecção de pequenos e ultra-coloridos pássaros exóticos que serão oferecidos no dia da Festa. Mas muitos serão ainda feitos em casa, nos breves momentos retirados pelas mães à azáfama do dia a dia de trabalho.


17 Dezembro – A festa…
E eis chegado o dia da Festa! As famílias acorrem como habitualmente quando as desafiamos… atentas, prontas para as surpresas que lhes reservámos. Tudo a postos… ACÇÃO! A música, as imagens e o texto envolvem os presentes. A breve coreografia dos pássaros voando para o sul corre lindamente. Os “pássaros” estão sérios e compenetrados no seu papel. E lá vem o homem com a sua carrinha vermelha deambulando pelos caminhos do deserto e despertando o sorriso dos adultos e a gargalhada das crianças que assistem. O homem ensina o pássaro a voar e o pequeno passarinho (o mais jovem do grupo, com três anos muito responsáveis) assume bem a sua interpretação, tendo no final um ataque de riso que deixa de novo o público sorrindo. E, por fim, a última imagem... o homem voando com “cara de feliz!”.
Depois da versão colectiva da história, segunda passagem das imagens, desta vez com o texto de Germano Zullo. Seguir-se-ão algumas canções e... o encontro com o Pai Natal. E é aqui que, de dentro de coloridos embrulhos surgem os fantásticos pássaros criados pelas mães e avós das crianças! Há mais de 30 pássaros circulando nas mãos dos meninos. Pássaros tropicais que parecem chegados da floresta amazónica, pequenos pássaros-bebés, outros de grandes asas destinados a longos voos, alguns exuberantes de crista colorida, cucos com chapéu e até um bat-bird (super-pássaro de asas de morcego, mascarilha e capa!). Com tal bando é certo que inventaremos, já em Janeiro, uma nova história com pássaros… E desta vez surgirá um teatro de fantoches de dedo…
Segue-se o lanche convívio. Na sala as crianças oferecem a sua prenda aos pais que se deliciam a ler o texto único de cada uma e a ver a sua representação plástica da história.
São 22 horas quando os últimos pais e crianças saem do Jardim. Esperamos que um enorme bando de aves transparentes invada os seus sonhos esta noite.

Projecto desenvolvido na sala 1 do Jardim de Infância do Vimeiro, do
Agrupamento de Escolas D. Lourenço Vicente (ano lectivo 2010/2011)


Artigo de Helena Martinho publicado nos Cadernos de Educação de Infância, da Associação de Profissionais de Educação de Infância, N.º 92, Janeiro-Abril.2011 (número temático sobre livro/leitura/literacia)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Manuel António Pina: Prémio Camões 2011


Desde 2006, ano em que iniciou o seu blogue, Teresa Martinho Marques tem dedicado vários posts a Manuel António Pina, o seu poeta favorito. Sugiro, por exemplo, a leitura de http://tempodeteia.blogspot.com/2008/02/manuel-antnio-pina-no-resisto-arrast-lo.html, onde se pode ler: Sempre o afirmei: se tivesse de escolher um escritor indisciplinador de almas que felizmente tem dúvidas sobre o que seja uma criança e, portanto, escreve para todos nós, mesmo quando parece que não. Seria sempre o Pina.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

SCRATCH Day 2011: 21 de Maio, ESE-Setúbal

No dia 21 de Maio vão realizar-se por todo o mundo eventos de celebração dos quatro anos de disponibilização na Internet do ambiente gráfico de programação Scratch, com aplicação em contextos educativos e também de lazer, desenvolvido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology).
O Scratch Day é um acontecimento mundial, onde pessoas de todas as idades se encontram para conhecer outros scratchers, partilhar projectos e experiências e aprender mais sobre o Scratch.
Uma das celebrações deste dia, em Portugal, vai ser concretizada num evento gratuito, aberto a todos os professores, educadores, futuros professores e suas famílias (sobretudo crianças e jovens), na Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal. Os monitores de apoio serão crianças e jovens já com experiência de utilização do Scratch e poderão contar com eles para vos ajudar na iniciação a esta linguagem de programação!
Sendo um evento de natureza essencialmente prática, prevêem-se actividades para iniciados com o apoio de scratchers mais experientes. Não é necessário conhecer a ferramenta para participar!

Consultar:
http://tempodeteia.blogspot.com/2011/05/scratch-day-2011-caminho.html
http://tempodeteia.blogspot.com/2011/05/scratch-day-2011-inscricoes-abertas.html

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Era uma vez um Tabu

Era uma vez um Tabu, no sultanado da Lusitânia. Rezam as crónicas que o dito cujo nasceu duma notícia do Expressius de 29 de Outubro do ano 9 DC (depois de Cavacus): «O grão-vizir pode deixar a liderança». Posta a coisa neste pé, correram a perguntar-lhe: Senhor, é verdade o que consta? Com o semblante enigmático, o grão-vizir alimentou a dúvida: Isso é um tabu. Só me pronunciarei sobre o assunto daqui a uns tempos, não antes da Primavera. Com o mistério a pairar, estava criado o Tabu.

Entretanto, o sultão da Lusitânia, de seu nome Soaris, ia cogitando: Será desta que nos veremos livres dele? Não sem que admitisse, todavia, que aquilo poderia ser um engodo, para atrair os incautos. Na verdade, muita gente pensava que a vontade do grão-vizir era fazer-de-conta que saía, para melhor ficar onde estava. Por isso houve quem dissesse que o Tabu não passava de uma enorme encenação, e até o designaram por Psicodrama. Veja-se como os seus mais próximos clamavam: Senhor! Aproximam-se grandes batalhas e nós, leais servidores da nossa causa, precisamos de saber quem é o general. Não podemos ir para a guerra sem saber quem comanda as tropas. Mas o grão-vizir... moita-carrasco! Apenas concedeu antecipar a data em que daria a conhecer a sua decisão: não seria pelo nascer da folha, mas sim antes do Entrudo... Mais tarde, o grão-vizir - que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas - teve de antecipar ainda mais a quebra do tabu, provavelmente devido a notícias postas a circular.

Na Lusitânia havia um periódico especializado em desconfianças certas, que era um autêntico quebra-cabeças para o vizirado. Estava o Tabu a correr os seus trâmites, eis que o Independentis revela casos de corrupção inimagináveis e situações escandalosas numa empresa tutelada pelo vice-grão-vizir, que se envolvera em reparações de máquinas voadoras, com desprestígio para o sultanado. Foi um Deus-nos-acuda! Como era habitual, o vizirado não sabia de nada e, parece, tinha raiva a quem sabia... De facto, o que preocupava o grão-vizir não eram os casos em si mesmos, nem as suas consequências políticas: o importante era identificar os infiltrados que estavam na origem das más notícias e descobrir-lhes a motivação; o que havia a fazer era denunciar os anti-patriotas que punham tudo em causa, sem o respeito devido à sua governação exemplar.

Nestas circunstâncias, sob a pressão dos acontecimentos, o Tabu foi quebrado a 23 de Janeiro do ano 10 DC, de forma surpreendente. Numa curta intervenção, o grão-vizir anunciou: Tomei a decisão de não continuar. Mais adiante, acalmou os Lusitanos: Podem estar tranquilos: a recuperação económica está controlada, a inflação está controlada, o desemprego está controlado, o défice do Orçamento está controlado. E, a terminar, disponibilizou-se para continuar a trabalhar, como grão-vizir, fiel aos compromissos assumidos, que se estendem até Outubro.
O vizirado compreendeu as razões e acatou respeitosamente a decisão. Os súbditos, com aquelas coisas todas controladas, respiraram de alívio. O sultão, bem disposto - cantarolando até a canção Desta vez é que foi! - começou logo a preparar a Grande Consulta para antes dos banhos de mar, e não no cair da folha, como pretendia o futuro ex-grão-vizir.

Esta é uma história para continuar. Fique atento, leitor. É que, além da frenética movimentação provocada pela decisão do grão-vizir, há uma interrogação em suspenso que pode transformar-se num segundo tabu: Será o grão-vizir candidato a sultão? Não perca as cenas dos próximos capítulos!

Crónica publicada no jornal O MIRANTE em 31.Janeiro.1995

domingo, 8 de maio de 2011

Finlândia rima(rá) com Portugal?

Se anda com o moral em baixo por causa do plano de resgate financeiro da “troika”, assim como pelas reservas postas por alguns políticos finlandeses à concessão de um empréstimo de "apenas" 78 mil milhões de euros a Portugal para que não caia na bancarrota (fruto do "histórico" desempenho do governo presidido por José Sócrates), então não deixe de ver o vídeo seguinte para recuperar a boa disposição:
http://clix.expresso.pt/um-video-para-levantar-o-moral-portugues=f647458

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Viva o rato Mickey !




«(...) Se a escolha em Portugal fosse, por hipótese, entre o actual primeiro-ministro e o rato Mickey, eu não hesitaria em votar no boneco da Disney.»



Carlos Fiolhais, PÚBLICO - 06.Maio.2011 (p. 45)

Só coisas positivas...

PÚBLICO, 06.Maio.2011

quarta-feira, 4 de maio de 2011

João Batista Menezes, um nome a evocar no 50.º aniversário do Reactor Português de Investigação

Comemorou-se recentemente o 50.º aniversário do Reactor Português de Investigação (RPI) (http://tempoderecordar-edmartinho.blogspot.com/2011/04/reactor-portugues-de-investigacao-50.html), instalação a que dedicou o melhor do seu empenhamento e competência o meu saudoso amigo João Batista Menezes (1933-1997). Recordá-lo na ocasião em que se assinalam os 50 anos do RPI é um acto da mais elementar justiça.

João Batista Menezes nasceu em 24 de Outubro de 1933, no Estado de Goa (Índia). Frequentou o Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em Engenharia Electrotécnica (1959). Efectuou estudos de pós-graduação e estágios de especialização em França (1962-1965). Em 20 de Setembro de 1960, iniciou a sua actividade na Junta de Energia Nuclear, tendo participado na montagem e calibração inicial do Reactor Português de Investigação. Em Janeiro de 1966, passou a desempenhar as funções de chefe do Grupo de Operação do RPI. Até ao seu falecimento, em 25 de Julho de 1997, foi o principal responsável pela operação continuada, segura e fiável do reactor nuclear de Sacavém.

Dos relevantes serviços prestados por João Batista Menezes, merecem destaque os seguintes:
Coordenador do projecto renovação do sistema de comando do RPI (1968-1972)
Coordenador das actividades do Departamento de Energia e Engenharia Nucleares do Laboratório Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (1986-1989)
Coordenador do projecto de modernização do RPI (1987-1990)
Director do DEEN (1989-1995)
Coordenador do Grupo de Operação e Exploração do RPI (1996-1997).

Goês de nascimento e português de coração, o engenheiro João Batista Menezes mereceu o reconhecimento da Nação e do Estado pela sua acção em benefício da comunidade nacional ao longo de mais de 30 anos. Com efeito, o seu desempenho foi reconhecido oficialmente pelo Senhor Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio, que o agraciou, a título póstumo, com o grau de grande-oficial da Ordem de Mérito. A investidura solene teve lugar no Palácio de Belém no dia 8 de Março de 2006.

A tua benção, Amigo!

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Automóvel a quanto obrigas

Quando acontece, por uma razão circunstancial que o justifique, ter de dizer a alguém que não tenho automóvel, a reacção é invariavelmente de surpresa. Ao olhar de espanto, segue-se uma pergunta carregada de admiração, com laivos de incredulidade: “Não tem automóvel?!”

Compreende-se a reacção. Hoje em dia, o automóvel é quase obrigatório. Dá prestígio social. Mesmo que se tenha de cortar no essencial para pagar as prestações, ou que a meio do mês já não haja dinheiro para a gasolina. Já lá vai o tempo em que o aparecimento da primeira bicicleta a motor na Chamusca foi motivo de conversa. Automóveis, havia poucos. Não era arriscado atravessar a rua principal. Nessa altura, ganhava-se pouco. Os pobres tinham consciência da sua condição. Não pretendiam passar por aquilo que não eram.

O seu filho não tem automóvel?!”, perguntavam a minha mãe. “Mas é fácil comprar um. Só não tem automóvel quem não quer”, continuavam. “Ele é que sabe”, respondia ela, sempre confiante. Um colega meu dizia: “Só comprarei um carro quando tiver dinheiro para dois”. Num primeiro instante, não se percebe talvez o alcance do dito. O tempo, porém, encarrega-se de mostrar como é sábia tal atitude de prudência. Hoje basta ter dinheiro para a primeira prestação, ou nem isso. Outros tempos. Nem piores nem melhores, apenas diferentes. Próprios de uma época em que é mais importante parecer do que ser.

O facto de não se ter automóvel cria, por vezes, algumas dificuldades. Não nos podemos dar ao luxo de preguiçar de manhã na cama, porque temos de nos levantar a horas certas para não perder o autocarro. Em domingos de sol, apetecendo ir para a linha do Estoril ou para a Costa da Caparica, há que ficar sujeito ao horário dos transportes públicos. Aquando de uma situação de urgência, tem de se recorrer a um táxi. Mas estas dificuldades não chegam a constituir verdadeiros problemas. Superam-se facilmente. É uma questão de hábito, eventualmente de filosofia de vida.

Em contrapartida, há vantagens largamente compensadoras em não ter automóvel (é claro que não se consideram aqui as situações em que o carro é um instrumento imprescindível para ganhar a vida). Viajando em transportes públicos, estamos mais próximos do cidadão comum, apreende-se melhor o pulsar da vida. Pode-se dormir descansado, sem receio de roubarem o carro ou de o encontrar danificado pela manhã. Não se anda em permanência com o credo na boca para fazer face a todo o tipo de despesas que um automóvel comporta, desde a reparação de avarias normais até ao prémio do seguro, para não falar de situações acidentais onerosas. Não nos cansamos em filas enervantes de um trânsito caótico. Não se corre o risco de provocar acidentes, com todo o cortejo de sequelas que daí podem resultar. Não contribuímos para a poluição de que todos nos queixamos. Etc. Sem automóvel, não se tem status? Paciência. Não se pode ter tudo na vida...


Artigo publicado no jornal O MIRANTE em 08.Junho.1993

domingo, 1 de maio de 2011

Hoje é o dia da Mãe...

... e como não há Mãe sem Pai...

Fotografia (24.Abril.2011): Teresa Costa Cabral

Recordando o ímpar 1.º de Maio de 1974

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen
Fotografia: http://criominhavida.blogspot.com