Relato feito em primeira mão:
Entrei no consultório do
Senhor Professor para uma consulta de gastroenterologia-proctologia (afecção da
zona rectal).
Com um aspecto respeitável,
beijou-me a mão cerimoniosamente. Estranhei. Sente-se minha Senhora. Sentei-me e contei-lhe ao que ia.
Primeiras perguntas: Gosta de vinagre? E de limão? E de picantes?
Não era disto que eu estava à espera...
Durante a consulta fui
confrontada com múltiplas perguntas… indicativas de que o meu mal derivava de
coisas erradas que eu fazia, nomeadamente tomando medicamentos (receitados
por outros clínicos, em especial para controlar a tensão e o colesterol).
Depois passou para a parte
alimentar, longamente, sugerindo que havia erros na alimentação. Gosta de chocolate? e várias outras
questões visivelmente para saber se eu era viciada em “chocolate”. Depois: Quantas refeições faz por dia? Tem problemas digestivos? Que peso tinha aos 20 anos? etc.
Entretanto foi adiantando
que era preciso fazer uma bateria de análises para ver se havia intolerância a
alimentos. Custa é 300 euros e não é
participado pela ADSE… Indicou o laboratório onde as análises deviam ser
feitas e a pessoa a contactar: Diga-lhe que
vai da minha parte. Recomendação posterior: Quando as intolerâncias forem identificadas, passa a andar com a lista
consigo para evitar o que lhe faz mal.
Perplexa, continuava à
espera que o inquérito terminasse e ele viesse em meu socorro. Nada. Mais perguntas:
Sente o seu coração? E os pulmões? E os rins? A sua coluna
funciona bem? Precisa de jogar
ping-pong, praticar ginástica e fazer natação em piscina aquecida. A certa
altura apalpou-me o ventre e as costas, tudo muito rápido. As minhas queixas
eram outras…
Pedi para que o meu marido
entrasse no consultório. Dali a pouco já quase éramos os dois seus potenciais
doentes… Também ele deveria fazer, a prazo, as tais análises que custavam 300
euros… Pode é falar com o médico-chefe da
ADSE para tentar que a despesa seja comparticipada. E informou, sem que
ninguém lhe perguntasse: Eu sou doutorado
em Farmacologia por Bruxelas, consultor de várias farmacêuticas… E, vindo
do nada, recomendou ao meu marido um livro, em inglês, que ele poderia comprar
na FNAC: “Eat Right for your Blood Type”.
Saí do consultório sem ter sido observada na
região de interesse e com uma lista de medicamentos, sem perceber nada do que
se tinha passado. Mas antes ainda tive direito a mais duas recomendações. Uma: Convém fazer uma análise de metais pesados
ao cabelo... e o seu marido também.
A outra: Vai tomar um chá de quebra-pedras,
salsa fresca e folhas de oliveira (verdes ou secas), feito em 5 litros de água
de Monchique que se vende em Massamá!
A consulta “particular”, feita
no espaço de um hospital de referência, custou a módica quantia de 165 euros! Escusado será dizer que
tenho de ir procurar auxílio noutras paragens…
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