Tiago Moreira de Sá (Público)
Martin Niemoller escreveu um famoso poema, que de resto conheceu várias versões como a do seu contemporâneo Bertolt Brecht, captando bem a forma como muitos trataram o nacional-socialismo e Hitler ao longo de demasiado tempo. Alertou ele: “Primeiro vieram buscar os comunistas e eu não disse nada pois não era comunista. Depois vieram buscar os socialistas e eu não disse nada pois não era socialista. Depois vieram buscar os sindicalistas e eu não disse nada pois não era sindicalista. Depois vieram buscar os judeus e eu não disse nada pois não era judeu. Finalmente, vieram buscar-me a mim – e já não havia ninguém para falar.”
A vitória de
Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas tem sido tratada de um
modo geral com complacência. Os argumentos são variados: ele não é ideológico,
agora no poder não vai cumprir muito do que prometeu, as instituições vão fazer
o seu papel, os freios e contra-pesos vão funcionar e por aí fora. Trata-se de
uma atitude perigosa e talvez a melhor forma de demonstrar isso seja reflectir
sobre o que é, mas ao mesmo tempo sobre o que não é, o Presidente-eleito dos
EUA. [...]
Com as devidas
diferenças, é bom ter presente a lição de Martin Niemoller, não ser complacente
e denunciar qualquer ataque à democracia, à liberdade, aos direitos e garantias
na América. Enquanto há “gente para falar”.
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