Era uma vez um coelho...
Esta é uma história que tem uma verosímil moral académica. Conheço-a há muitos anos. A presente versão é uma adaptação livre da que se pode encontrar em vários sites pesquisando "a tese do coelho".
Esta é uma história que tem uma verosímil moral académica. Conheço-a há muitos anos. A presente versão é uma adaptação livre da que se pode encontrar em vários sites pesquisando "a tese do coelho".
Num lindo dia de Primavera, o coelho saiu da toca com o notebook e pôs-se a trabalhar muito concentrado. Pouco depois, passou por ali uma raposa e viu o coelho tão distraído que chegou a salivar. Intrigada com aquela actividade, aproximou-se curiosa:
Raposa – Olha lá, coelhinho, que estás fazendo?
Coelho – Estou a trabalhar na minha tese de doutoramento.
R – Ah... E qual é o tema da tese?
C – É uma teoria em que se prova que os coelhos são predadores naturais de certos animais como, por exemplo, as raposas.
R – O quê?! Isso é ridículo! Nós é que somos predadores de coelhos!
C – Vem comigo à minha toca que eu mostro-te o acerto da minha tese...
O coelho e a raposa entram na toca. Poucos instantes depois ouvem-se alguns ruídos indecifráveis, alguns poucos grunhidos e depois silêncio. Em seguida o coelho volta sozinho ao exterior e retoma os trabalhos da sua tese como se nada tivesse acontecido.
Meia hora depois passou por ali um lobo. Ao ver o coelhinho, logo pensou ter o seu jantar garantido. No entanto, o lobo também achou curioso ver o coelho a trabalhar tão absorto e resolveu saber do que se tratava:
Lobo – Olá, jovem coelhinho. O que te faz trabalhar tão arduamente?
Coelho – É a minha tese de doutoramento, senhor lobo. É uma teoria que estou a desenvolver há algum tempo e que prova que nós, coelhos, somos grandes predadores naturais de vários animais carnívoros, inclusive lobos.
O lobo não se conteve e deu uma gargalhada com a petulância do coelho.
L – Apetitoso coelhinho, isso é um despropósito! Nós, os lobos, é que somos genuínos predadores naturais dos coelhos. Aliás, chega de conversa...
C – Desculpe, mas se quiser eu posso demonstrar que a tese tem fundamento. O senhor lobo quer acompanhar-me à minha toca?
O lobo e o coelho entram na toca. Alguns instantes depois ouvem-se uivos desesperados, ruídos de mastigação e... silêncio. Mais uma vez o coelho volta sozinho e continua o trabalho de redacção da tese como se nada tivesse acontecido...
Soube-se depois que na toca do coelho havia uma enorme pilha de ossos ensanguentados e peles de raposas e, ao lado desta, outra pilha ainda maior de ossos e peles daquilo que um dia foram lobos. Ao centro das duas pilhas estava um enorme leão, bem alimentado e satisfeito.
Moral da história: Numa tese de doutoramento, não importa se o tema é absurdo ou se a experiência não comprova a teoria… O que é importante é o orientador que se tem!
Moral adicional: Do que se relata aqui (e não é caso único), depreende-se que a presente história é extensível a muitas outras situações, sendo a conclusão similar: O importante é o padrinho que se tem!